A T é minha amiga, é minha prima e é uma blog hunter.
Tem um talento invulgar para descobrir blogs imperdíveis que eu não conheço e que nunca viria a conhecer na vida.
Mãe Preocupada foi um dos primeiros que partilhámos.
O título deste post é deste blog e, a partir do momento em que o li, nunca mais abreviei um beijo.
A autora (revelou o nome há pouco tempo) escreve de forma tão simples, autêntica e profunda que tudo o que eu possa acrescentar soa a básico.
Também eu tenho um nariz sentimental – Raízes:
[…] como é bom haver um cheiro das nossas vidas, o cheiro da génese e da raiz, um cheiro que ao subir-nos pelas narinas nos abalroa o coração e desperta todos os outros sentidos. Certos fragmentos da vida passam-nos diante dos olhos com uma exatidão inquietante, a pele arrepia-se e umas mãos invisíveis arrancam-nos aos fundos da memória doses generosas de ternura, afeto e prazer.
Depois, bem-vinda coincidência, foi um e-mail que me chegou com uma tranquilizante sentença: “voltamos sempre ao lugar onde nascemos.” E com tudo isto me lembrei da breve e tão íntima história que aqui contei e que talvez só importe a quem, como eu, tem um nariz sentimental.
Também eu sou estrábica – Oftalmologia sentimental:
Diz o povo que o amor é cego.
Cega é a paixão e cego é o desejo.
O amor é estrábico. Deixa-nos com um olho sempre posto naqueles que amamos e o outro voltado para um horizonte cada vez mais imenso.
Também é esta a minha relação com os livros – Ler como amar:
Ler, ler bons livros não é o que me entretém. É o que me põe a salvo do transitório, da vulgaridade, da tragicomédia que se revela quando atento no chão que pisamos e no corpo que nos veste. Não é uma forma de me ocupar tempo livre. É antes um confronto com o universo e a eternidade que ora me leva ao céu, ora me esmaga até à estaca zero da humanidade.
Também procuro expressar-me assim (nem sempre consigo, sobretudo nos momentos de ira) – Expressão:
De facto, vale a pena controlar o que dizemos quando estamos tomados pela ira, mas jamais devemos fazê-lo quando estamos tomados pelo amor. A honestidade e a frontalidade são cancerígenas se aplicadas no conflito e contidas no afeto. Quem se contém na expressão do seu amor, das duas, uma: ou não o sente ou tem metástases nos órgãos vitais.
E há a Lurdinhas, a Júlia, conversas ouvidas e reflexões que nos confrontam, porque nos libertam da superficialidade, do histerismo e da inutilidade tão celebrados nos nossos tempos.
A maternidade, o amor e a morte são as únicas coisas que me justificam. O resto ocupa-me.
N.B. Todas as citações a negrito são da autoria da Mãe Preocupada.
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