“Le souvenir est le parfum de l´âme” – (George Sand).


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Leonardo

O Leonardo foi descoberto pela Beatriz na Biblioteca.

Foi uma paixão tão grande que, durante umas semanas, parece que este monstrinho fazia parte da família.

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Na altura, a Beatriz ainda mal falava, mas já fazia caretas como o Leonardo, sempre que se lembrava dele, o que acontecia a qualquer hora do dia (para tristeza da Bisavó que nunca apreciou carantonhas).

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Como se pode ver, o Leonardo é mesmo um monstro terrível…

E é entre sustos, esgares perigosíssimos e algumas lágrimas que nasce uma amizade inesperada entre este monstro e o Samuel.

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Do que eu mais gosto?

Da mensagem (o Leonardo é uma personagem redonda que evolui ao longo da acção);

Das ilustrações: cores sóbrias mas figuras extremamente expressivas;

Do tamanho do livro: é muito grande;

Do contraste entre o tamanho do livro e o tamanho das personagens: aparecem muitas vezes apenas no canto da página;

Do facto dos protagonistas serem meninos (quer dizer, um deles é um monstrinho…);

Do autor do texto e das ilustrações: Mo Willems (O site é imperdível!).

Da editora: a Orfeu Negro!

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Rodapés de Estremoz

Os rodapés  socos das casas alentejanas são, tradicionalmente, pintados de ocre ou azul; uma solução esteticamente feliz para repelir os insectos da entrada das portas e janelas.

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Contaram-me que, em Estremoz, depois da morte da Rainha Santa Isabel, a 4 de Julho de 1336, a cidade ficou de luto.

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Achei a homenagem dos estremocenses muito bonita e confesso (grande vergonha!) nunca tinha pensado muito nos rodapés socos desta cidade…


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Concha

Já há muito tempo que precisava de uma concha para verter o doce para os frascos.

Entre os garfos de prata da Beatriz estava esta concha.

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Não é de prata e tem de ser muito bem limpa. Mesmo assim, não sei se terei coragem de usá-la.

Tem ar de quem já cumpriu a sua missão.

Talvez ainda sonhe com uma nova vida.

Talvez esteja indecisa…


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Prateleira de Baixo

Quando comecei a procurar livros infantis para ler com a Beatriz encontrei a Prateleira de Baixo.

Foi um baú cheio de tudo o que eu queria: livros que se guardam na prateleira de baixo para os mais pequenos; muitos livros; os melhores livros infantis!

E análises profundas e cuidadas.

E imagens dos livros.

E a reacção dos filhos aos livros.

Lembro-me que o li todo, tirei notas e aprendi muito.

Foi por causa deste blog que nasceu o Frasco de letras.

Este foi dos últimos livros que apontei no meu caderninho:

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Da editora Planeta Tangerina, com ilustrações de Bernardo Carvalho e com texto de Isabel Minhós Martins só pode ser extraordinário.

Já tinha manifestado a minha admiração no outro frasco e, de facto, estas ilustrações são cheias de cor, expressão, graça e movimento.

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N.B. Todas as imagens deste post foram retiradas do blog Prateleira de Baixo.


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Bjo – Em nome de que urgência se abrevia um beijo?

A T é minha amiga, é minha prima e é uma blog hunter.

Tem um talento invulgar para descobrir blogs imperdíveis que eu não conheço e que nunca viria a conhecer na vida.

Mãe Preocupada foi um dos primeiros que partilhámos.

O título deste post é deste blog e, a partir do momento em que o li, nunca mais abreviei um beijo.

A autora (revelou o nome há pouco tempo) escreve de forma tão simples, autêntica e profunda que tudo o que eu possa acrescentar soa a básico.

Também eu tenho um nariz sentimental – Raízes:

[…] como é bom haver um cheiro das nossas vidas, o cheiro da génese e da raiz, um cheiro que ao subir-nos pelas narinas nos abalroa o coração e desperta todos os outros sentidos. Certos fragmentos da vida passam-nos diante dos olhos com uma exatidão inquietante, a pele arrepia-se e umas mãos invisíveis arrancam-nos aos fundos da memória doses generosas de ternura, afeto e prazer. 

Depois, bem-vinda coincidência, foi um e-mail que me chegou com uma tranquilizante sentença: “voltamos sempre ao lugar onde nascemos.” E com tudo isto me lembrei da breve e tão íntima história que aqui contei e que talvez só importe a quem, como eu, tem um nariz sentimental.

Também eu sou estrábica – Oftalmologia sentimental:

Diz o povo que o amor é cego. 
Cega é a paixão e cego é o desejo. 
O amor é estrábico. Deixa-nos com um olho sempre posto naqueles que amamos e o outro voltado para um horizonte cada vez mais imenso.

Também é esta a minha relação com os livros – Ler como amar:
Ler, ler bons livros não é o que me entretém. É o que me põe a salvo do transitório, da vulgaridade, da tragicomédia que se revela quando atento no chão que pisamos e no corpo que nos veste. Não é uma forma de me ocupar tempo livre. É antes um confronto com o universo e a eternidade que ora me leva ao céu, ora me esmaga até à estaca zero da humanidade.

Também procuro expressar-me assim (nem sempre consigo, sobretudo nos momentos de ira) – Expressão:

De facto, vale a pena controlar o que dizemos quando estamos tomados pela ira, mas jamais devemos fazê-lo quando estamos tomados pelo amor. A honestidade e a frontalidade são cancerígenas se aplicadas no conflito e contidas no afeto. Quem se contém na expressão do seu amor, das duas, uma: ou não o sente ou tem metástases nos órgãos vitais.

E há a Lurdinhas, a Júlia, conversas ouvidas e reflexões que nos confrontam, porque nos libertam da superficialidade, do histerismo e da inutilidade tão celebrados nos nossos tempos.

A maternidade, o amor e a morte são as únicas coisas que me justificam. O resto ocupa-me.

N.B. Todas as citações a negrito são da autoria da Mãe Preocupada.


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Azulejos

Andei por Estremoz de máquina a tiracolo e com a voz do Chico Buarque:

“Bate palmas com vontade/ faz de conta que é turista.”

E foi assim que passeei pela minha segunda cidade – sempre de cabeça nas janelas, com os olhos de quem vê o que está em cima pela primeira vez, sem pressa, e a bater palmas.

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E há o Café Águias d´Ouro, com azulejos e míticas janelas na fachada e outras tantas pousadas nas mesas de quem ainda lá vai encontrar os companheiros da Tertúlia.


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De outro tempo

Gosto muito de feiras de velharias.

Frequento-as como quem vai em busca de tesouros enterrados.

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A primeira vez que encontrei alguém que também partilha este prazer da descoberta foi a Constança do blog Saídos da Concha.

Este blog há-de ter um post especial.

A Constança enumerou algumas das razões que a levam a frequentar locais que vendem velharias e objectos em segunda mão.

Identifiquei-me com as razões apresentadas, fixei-as (de memória) e misturo-as com as minhas.

– Sou nostálgica e guardo, como preciosidades, as minhas recordações, o que inclui os objectos que fazem parte delas. Não significa que seja revivalista ou que considere que tudo o que pertence ao passado seja perfeito. Ainda bem que as mentalidades evoluíram em muitos aspectos.

-Não obstante, considero que perdemos alguma coisa com esta evolução; por exemplo, deixámos de prezar e cuidar o que temos. E o consumo deixou de ser parcimonioso.

-No tempo em que o fabrico não era em série, cada objecto era único e tinha a marca das mãos que o criavam. Para além disso, era feito para durar várias gerações.

-Os objectos desse tempo têm uma história bem mais interessante do que a viagem obscura que os de hoje fazem desde a China.

-E agrada-me esta estética do passado, mais sóbria ou mais romântica, mas sempre cuidada e com qualidade.

Há duas semanas, quando chegámos a Estremoz, precisámos de garfos pequenos para a Beatriz.

E a Beatriz escolheu estes dois na feira de velharias que acontece todos os Sábados no Rossio!