“Le souvenir est le parfum de l´âme” – (George Sand).

Vizinhos no coração

17 comentários

Viver na aldeia trouxe muitas vantagens à nossa vida.

Aprendemos a respirar mais devagar, quando seguimos o crescimento lento das flores e das plantas.

A Natureza nunca tem pressa e cresce de tal forma primorosa que nos coloca no nosso devido lugar.

Outra das vantagens: os vizinhos.

Não sei se é assim em todas as aldeias, mas nós fomos tão bem recebidos que ficámos, constantemente, sem saber como retribuir.

Aqui raramente sou Ana. Sou a neta da Sra. Rosa.

Ninguém imagina como é bom ser pequenina outra vez.

A D. Adélia é a vizinha da frente: preocupa-se se não nos vê e partilha connosco tudo o que a horta produz.

cebolas

abóboras D.Adélia

A Menina Lurdes é a vizinha do lado: tinha um café onde comprávamos rebuçados coloridos quando éramos pequeninos.

A minha Avó dava 20 escudos ao meu irmão para comermos rebuçados com os filhos das suas clientes da sala de costura.

A sala da costura funcionou, nestes três últimos anos, como escritório.

A máquina de costura não saiu do lugar e fez-nos companhia.

E há a D.Olinda, que vive mais longe, mas nos presenteia regularmente.

Com poejo, com espigas, com abóboras, chuchus, com sorrisos e boa disposição.

chuchu

abóbora D.Olinda

E a minha Tia Alice, que é vizinha da minha Mãe, e faz um passeio semanal com a Beatriz.

E que, para além do que não pode ser fotografado, me ofereceu esta pequena maravilha.

abóbora tia

Esta semana, mais uma vez, despeço-me do local onde comecei a criar raízes.

Levo todas estas ofertas no peito e rumo à nossa segunda cidade, Estremoz.

Não falo da minha família-berço e dos amigos que deixo, mais uma vez, porque não quero uma despedida demasiado triste.

Penso na família e nos amigos que nos vão receber.

Até breve!

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Autor: Frasco de Memórias

http://frascodememorias.com

17 thoughts on “Vizinhos no coração

  1. Que bom é ter assim vizinhos, que entram nas nossas casas/vidas, como se de família se tratassem. 🙂 Muito boa viagem para a vossa segunda cidade! Beijinho

  2. Ana,

    Achei engraçada a nova mudança… deixas família e amigos e irás encontrar novos amigos.
    E agora Estremoz ! Estremoz é Estremoz !
    18 + 1 = 19
    19 mudanças ?

    Concordo Ana,é preciso alguma pedalada, coragem e capacidade de adaptação.
    Quanto a formalidades nas despedidas…como eu te entendo !
    Amanhã, terás feira de antiguidades.
    Só por isso , já valeu a pena .

    Beijo

    José

    • José,

      Obrigada pelas palavras e pela cumplicidade.

      Hoje é mais um primeiro dia do resto da minha vida 😉
      Gosto muito do Sérgio Godinho!

      Amanhã, Feira!

      Beijo,
      Ana

  3. Ana, que lindo esse post. Também não gosto muito de despedidas. Nessas horas digo que mandei construir um prédio no meu coração e estou levando todos para morar nele.
    Dito isso o pessoal acha engraçado e meu emocional fica equilibrado (rs).
    Um beijo,
    Manoel

  4. Ah, Ana, infelizmente isso é coisa rara, perdeu-se na selva de pedra, no cotidiano e na correria. Gosto desse ritmo mais lento e, mesmo não podendo contar com vizinhos assim, tento criar esse clima dentro de minha casa e com as pessoas que aqui recebo. Certamente, carregará isso dentro de vc, e desejo toda a sorte do mundo nessa nova empreitada. Com toda sua experiência, tirará de letra! Beijo

    • Helka,

      Obrigada pela confiança! O que eu me ri…
      Quanto aos vizinhos, é difícil reproduzir o mesmo espírito na cidade.
      Começa-se pelos amigos 😉

      Beijo,
      Ana

  5. Ana,
    Estive a ensaiar palavras, a reviver concertos a que assistimos neste último ano para me inspirar e escrever um texto cheio de sorrisos , contudo nada foi profícuo para este fim…
    Amigos há poucos, muito poucos e se por vezes me dizem que é preciso cultivar amizades, eu prefiro cuidar das que tenho – são poucas, mas seguras e se alimentadas darão sempre fruto. TU és uma destas amizades e sempre o serás! Longe fisicamente com um grande lugar no meu coração!
    UM GRANDE BEIJO!
    Virgínia

    • Virgínia,

      e eu ando há dois dias a ensaiar respostas que não sejam melodramáticas…
      Não consigo!

      Sinto a falta da presença física das pessoas que fazem parte de mim, e quanto a isso não há nada a fazer: são buracos negros no meu coração.

      Um abraço apertado,

      Ana

  6. Que bom viver num sitio onde nos sentimos em casa e aconchegados. As fotos estão muito bonitas. Parabéns!

  7. Pingback: Encontros |

  8. parece haver alguma melancolia nas palavras acima escritas. mas há mais beleza do que melancolia. ao mesmo tempo, aquilo que também parece resignação (ao fim de tantas mudanças), afinal não é . é apenas mais uma viagem. mais uma para aquilo que a vida chama continuidade. tudo de bom e muitas felicidades. vamos querer saber desenvolvimentos. beijinhos.

  9. Muito obrigada pelas palavras: agora que já passaram dois meses parece que já nos mudámos há muito tempo: felizmente estamos novamente a criar raízes.
    O momento da partida é sempre difícil, mas acho que todos os sentimentos apontados andaram connosco: melancolia, resignação, espírito de viajante e vontade de continuar – em momentos diferentes, é certo.
    Vamos dando notícias 🙂
    Beijinho,
    Ana

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