Viver na aldeia trouxe muitas vantagens à nossa vida.
Aprendemos a respirar mais devagar, quando seguimos o crescimento lento das flores e das plantas.
A Natureza nunca tem pressa e cresce de tal forma primorosa que nos coloca no nosso devido lugar.
Outra das vantagens: os vizinhos.
Não sei se é assim em todas as aldeias, mas nós fomos tão bem recebidos que ficámos, constantemente, sem saber como retribuir.
Aqui raramente sou Ana. Sou a neta da Sra. Rosa.
Ninguém imagina como é bom ser pequenina outra vez.
A D. Adélia é a vizinha da frente: preocupa-se se não nos vê e partilha connosco tudo o que a horta produz.
A Menina Lurdes é a vizinha do lado: tinha um café onde comprávamos rebuçados coloridos quando éramos pequeninos.
A minha Avó dava 20 escudos ao meu irmão para comermos rebuçados com os filhos das suas clientes da sala de costura.
A sala da costura funcionou, nestes três últimos anos, como escritório.
A máquina de costura não saiu do lugar e fez-nos companhia.
E há a D.Olinda, que vive mais longe, mas nos presenteia regularmente.
Com poejo, com espigas, com abóboras, chuchus, com sorrisos e boa disposição.
E a minha Tia Alice, que é vizinha da minha Mãe, e faz um passeio semanal com a Beatriz.
E que, para além do que não pode ser fotografado, me ofereceu esta pequena maravilha.
Esta semana, mais uma vez, despeço-me do local onde comecei a criar raízes.
Levo todas estas ofertas no peito e rumo à nossa segunda cidade, Estremoz.
Não falo da minha família-berço e dos amigos que deixo, mais uma vez, porque não quero uma despedida demasiado triste.
Penso na família e nos amigos que nos vão receber.
Até breve!
21 de Novembro de 2013 às 22:48
Que bom é ter assim vizinhos, que entram nas nossas casas/vidas, como se de família se tratassem. 🙂 Muito boa viagem para a vossa segunda cidade! Beijinho
21 de Novembro de 2013 às 22:53
Foi mesmo assim…
Obrigada, Joana!
Beijinhos
22 de Novembro de 2013 às 18:07
Ana,
Achei engraçada a nova mudança… deixas família e amigos e irás encontrar novos amigos.
E agora Estremoz ! Estremoz é Estremoz !
18 + 1 = 19
19 mudanças ?
Concordo Ana,é preciso alguma pedalada, coragem e capacidade de adaptação.
Quanto a formalidades nas despedidas…como eu te entendo !
Amanhã, terás feira de antiguidades.
Só por isso , já valeu a pena .
Beijo
José
22 de Novembro de 2013 às 23:28
José,
Obrigada pelas palavras e pela cumplicidade.
Hoje é mais um primeiro dia do resto da minha vida 😉
Gosto muito do Sérgio Godinho!
Amanhã, Feira!
Beijo,
Ana
23 de Novembro de 2013 às 4:08
Ana, que lindo esse post. Também não gosto muito de despedidas. Nessas horas digo que mandei construir um prédio no meu coração e estou levando todos para morar nele.
Dito isso o pessoal acha engraçado e meu emocional fica equilibrado (rs).
Um beijo,
Manoel
23 de Novembro de 2013 às 23:06
Manoel,
que imagem tão bonita!
Também eu tenho um arranha-céus dentro do meu 🙂
Beijo,
Ana
23 de Novembro de 2013 às 15:03
Ah, Ana, infelizmente isso é coisa rara, perdeu-se na selva de pedra, no cotidiano e na correria. Gosto desse ritmo mais lento e, mesmo não podendo contar com vizinhos assim, tento criar esse clima dentro de minha casa e com as pessoas que aqui recebo. Certamente, carregará isso dentro de vc, e desejo toda a sorte do mundo nessa nova empreitada. Com toda sua experiência, tirará de letra! Beijo
23 de Novembro de 2013 às 23:09
Helka,
Obrigada pela confiança! O que eu me ri…
Quanto aos vizinhos, é difícil reproduzir o mesmo espírito na cidade.
Começa-se pelos amigos 😉
Beijo,
Ana
24 de Novembro de 2013 às 0:26
Ana,
Estive a ensaiar palavras, a reviver concertos a que assistimos neste último ano para me inspirar e escrever um texto cheio de sorrisos , contudo nada foi profícuo para este fim…
Amigos há poucos, muito poucos e se por vezes me dizem que é preciso cultivar amizades, eu prefiro cuidar das que tenho – são poucas, mas seguras e se alimentadas darão sempre fruto. TU és uma destas amizades e sempre o serás! Longe fisicamente com um grande lugar no meu coração!
UM GRANDE BEIJO!
Virgínia
25 de Novembro de 2013 às 20:18
Virgínia,
e eu ando há dois dias a ensaiar respostas que não sejam melodramáticas…
Não consigo!
Sinto a falta da presença física das pessoas que fazem parte de mim, e quanto a isso não há nada a fazer: são buracos negros no meu coração.
Um abraço apertado,
Ana
24 de Novembro de 2013 às 13:07
Que bom viver num sitio onde nos sentimos em casa e aconchegados. As fotos estão muito bonitas. Parabéns!
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3 de Fevereiro de 2014 às 22:00
parece haver alguma melancolia nas palavras acima escritas. mas há mais beleza do que melancolia. ao mesmo tempo, aquilo que também parece resignação (ao fim de tantas mudanças), afinal não é . é apenas mais uma viagem. mais uma para aquilo que a vida chama continuidade. tudo de bom e muitas felicidades. vamos querer saber desenvolvimentos. beijinhos.
4 de Fevereiro de 2014 às 11:39
Muito obrigada pelas palavras: agora que já passaram dois meses parece que já nos mudámos há muito tempo: felizmente estamos novamente a criar raízes.
O momento da partida é sempre difícil, mas acho que todos os sentimentos apontados andaram connosco: melancolia, resignação, espírito de viajante e vontade de continuar – em momentos diferentes, é certo.
Vamos dando notícias 🙂
Beijinho,
Ana
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