“Le souvenir est le parfum de l´âme” – (George Sand).


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Replantar

Mudar de casa implica, num segundo ou num vigésimo momento, mudar a casa.

Primeiro partem os objectos essenciais e, depois, os que nos alegram os dias e fazem já parte da nossa vida.

Os livros têm vindo.

As plantas também.

Muitas morreram na nossa casa pequena da Figueira.

-As casas precisam de atenção assim como as plantas; se não morrem.

Foram as palavras da minha Mãe, quando me entristeci ao ver o caril e o poejo secos nos vasos.

plantas para replantar

Trouxe todos estes vasinhos com filhotes para Estremoz.

Replantei-os.

Replantei-me.

sardinheira 1

sardinheira

Na Figueira, cobri os vasos com seixos que fomos trazendo da praia: evita-se assim a evaporação da humidade e previne-se o crescimento de ervas-daninhas.

No Alentejo, comprei esferas de argila para proteger a sardinheira.

Acompanham-me nestas tarefas as gatinhas da casa: a Beatriz e a Branca.

Deliram com estas esferas e com todos os utensílios de jardinagem.

sementes

regador e viola

Na rua, observam-nos os gatos vadios.

vaso e gato

Há qualquer coisa de felino em nós: todos os gatos parecem querer adoptar-nos.

 

 

 

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Presente

Ter um blog é receber presentes diários.

Ou melhor, é celebrar o Presente.

Para além das visitas de quem gosta de me ler, dos comentários e troca de ideias, da descoberta de afinidades, às vezes há assim surpresas.

prenda do José Magalhães

Obrigada, José!

Finalmente permiti que a Beatriz pegasse nesta peça tão delicada.

Só por alguns minutos…


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Olfacto

Cada mercado tem os seus cheiros, os seus sons e as suas cores.

Revelam-nos hábitos alimentares, rotinas e características dos locais.

É por isso que eu gosto de mercados.

Na Figueira, prevalece o prateado do peixe e as cores das flores envoltas em plástico.

Em Estremoz, é o verde das hortaliças e o cobre das velharias.

alfaces

rabanetes

E uma quantidade incrível de raminhos perfumados de coentros, salsa, poejo, alecrim e hortelã.

Em Março, encontrei tangerinas.

Um citrino, misteriosamente, quase em extinção nas lojas portuguesas.

tangerinas

O melhor dos Sábados de manhã?

Maria e Beatriz no mercado

Ter estas duas grandes companheiras de compras: a Beatriz e a nossa vizinha de fim-de-semana, a Maria.

A nossa memória olfactiva começa a construir-se desde que nascemos e acompanha-nos por toda a vida, transmitindo-nos sensações de conforto e confiança.

É o que eu espero que aconteça.

Quando estes pintainhos partirem sozinhos, hão-de sentir-se surpreendentemente tranquilos e felizes ao cheirarem um vaso de hortelã ou um raminho de alecrim.

E só nós vamos saber porquê.

 

 

 


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Orange Marmalade Português

Na altura em que não vivíamos afundados numa crise,

embora o país já estivesse, citando um alto dirigente político, “de tanga” (a qualidade lexical dos nossos governantes sempre foi exemplar…),

fui à Escócia e encantei-me com os pequenos-almoços.

Aliás, encantei-me com a paisagem, com o pôr-do-sol, com a hospitalidade escocesa e com B&B que são lições de arquitectura!

Nessa altura, tomava o pequeno-almoço escocês com ovo, bacon, tomate e… café com tostas e Orange Marmalade caseiro.

Todos os dias!

 

A minha Mãe nunca fez doce de laranja e eu achei o sabor destes doces caseiros surpreendentemente delicioso.

E muito distante daquele terrível cozido de laranja que se vende no supermercado…

 

Decidi, então, recolher receitas de quem faz muito bem este doce.

Segundo o que li, o “orange marmalade” remonta ao século XVII

(o historiador Ivan Day refere o livro de receitas de Eliza Chomondeley, de 1677!),

embora a lenda o associe para sempre a James Keiller e à solução acidental da sua mulher para conservar quilos e quilos de laranjas compradas, a baixo preço, em Sevilha.

A propósito, descobri, nas pesquisas que fiz, que a palavra “marmelada” é portuguesa (deriva de marmelo) e foi depois adoptada pelos franceses e, posteriormente, pelos britânicos.

2014 foi o ano escolhido para eu vencer receios e fazer o doce mais demorado e exigente que já experimentei.

Não faltam laranjas: do pátio da minha Avó Rosa, do quintal da minha Mãe e do Vale da prima Cristina.

Todas biológicas e adoçadas pelo Sol.

laranjas

E assim nasceram duas versões:

Doce de Laranja British

orange marmalade

Um doce mais próximo da versão original inglesa, mas em que foi retirada toda a parte branca da laranja e, portanto, toda a acidez excessiva.

 

Doce de Laranja Alentejano

orange marmalade 2

Um doce mais suave, adoçado com o mel puro da Serra d´Ossa.

Escorrido, sem centrifugadora, dos favos elaborados pelas abelhas.

mel serra d´ossa

É um enorme prazer trabalhar com estes produtos portugueses de grande qualidade.

Custa-me até acreditar que os nossos antepassados portugueses não tenham experimentado conservar as laranjas em mel e, depois das Descobertas, em açúcar.

Não foi por acaso que demos ao mundo a “marmelada”, essa forma tão nossa e saborosa de conservar marmelos!

 


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Terra

De dia para dia, cada vez estou mais convencida de que as melhores ferramentas que posso oferecer à Beatriz são apenas uma: cultura.

A cultura do espírito, através dos livros e, por conseguinte, do pensamento.

A cultura da ética.

A cultura da terra.

Se ainda não consegue ler sozinha e se anda, por vezes, perdida em birras cuja resolução, acredito eu, podem ajudar a formar esse código de rectidão que ambiciono; quanto à cultura da terra, esta menina de três anos está na fase de “aprender fazendo”.

Para além de ser responsável pelo alecrim, a Beatriz semeia e trata da erva Catária da Branquinha.

1- Colocar terra no vaso e humedecê-la com um pulverizador.

SEMENTEIRA 1

2- Espalhar as sementes e regar com frequência.

3- Ver o milagre da Natureza a desenrolar-se perante os nossos olhos.

Sementeira 2

4- Encantar-se e desejar bom-apetite à Branquinha.

Sementeira 3

E o ciclo repete-se quinzenalmente…

 


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Expressão

Costumo dizer que a nossa Branca é a gata mais canina que eu conheço.

É um elogio, porque também gosto muito de cães.

E a Branca reúne as melhores qualidades dos cães e as melhores qualidades dos gatos:

adora-nos e espera-nos à porta;

aparece repentinamente se ouvir a Beatriz a chorar;

gosta de festas na barriga e de brincar às escondidas connosco;

é incapaz de arranhar-nos;

acompanha-nos para todas as divisões da casa;

mas gosta dos seus momentos de solidão e tranquilidade.

Um amigo meu diz que o problema dos gatos é que são inexpressivos.

Durante algum tempo achei que ele tinha razão.

Mas perante uma situação inesperada a Branca ficou assim.

Branca espantada

E eu fiquei com a mesma expressão:

-O que é isto?

-Não é possível!

-No meu quintal?

-Outra vez?

2 gatinhos 2014

gatinhos e Biti 2014

Mas será que a cegonha dos gatinhos tem alguma fixação comigo?

São adoráveis… e procuram uma família adoptiva!

gatitos no chapéu 2014

Próximo passo: perguntar se a Câmara de Estremoz tem algum programa de esterilização de gatos vadios.

Já fui; não têm – agendei uma reunião com o veterinário da Câmara no meu quintal!

 

 


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Blessed

Ter um blog:

-Olhar para o lado luminoso da Vida.

-Reflectir profundamente acerca do que me rodeia.

-Questionar-me.

E muito mais:

– fez-me pertencer a uma pequena comunidade de pessoas que vou conhecendo e apreciando cada dia que passa (as pessoas que gostam de ler-me e as pessoas que eu gosto de ler).

Finalmente, fui passar uns dias à nossa casa pequena e encontrei esta preciosidade que já está pendurada na parede.

postal

A autora: a Filósofa!

Obrigada ♥


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Cheesecake de morangos

O cheesecake da Mafalda volta a visitar-nos.

Ainda sem maracujá…

cheese cake morango2

Experiência 2:

1 pacote de bolachas digestivas, sem açúcar, esmagadas com 100g de manteiga sem sal;

4 colheres de sopa de água quente;

2 colheres de sopa de gelatina em pó;

12 morangos cortados ao meio;

sumo de 10 morangos;

250 g de queijo mascarpone;

250g de natas frescas;

150g de açúcar fino

1- Forre a base de uma forma de tarte com papel vegetal.

2-Preencha-a com as bolachas trituradas, comprima e reserve no frigorífico.

3- Dissolva a gelatina em água quente.

4- Bata o queijo, as natas e o açúcar, até obter uma mistura muito cremosa.

5- Junte o sumo de morango.

6- Adicione a gelatina.

7- Bata e coloque o preparado na forma.

8-Depois de endurecer um pouco no frigorífico, decore com doce de morango Frasco de Memórias e morangos frescos.

cheese cake morango2


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A Beautiful Mess

Este é um blog que visito regularmente.

É escrito por duas amigas, Elsie e Emma, que partilham posts sobre tudo o que as inspira.

E que se apresentam assim:

We believe in taking time each day to make something pretty.

We believe in lifelong learning.

Most of all, we believe that life doesn’t need to be perfect to be beautiful.

É o meu lema de vida.

É um blog extremamente diversificado, despretensioso e bem-humorado.

Ultimamente ando a explorar as dicas fotográficas.

dicas fotográficas

Sempre gostei de fotografia: de ver e de sentir as fotografias nas mãos.

Mas nunca tive aulas (e precisava mesmo…).

Confio no instinto, na sorte e nas manias da minha máquina. E já a vou conhecendo…

Às vezes fico zangada com ela comigo; outras vezes satisfeita.

Muitas das dicas são mesmo para quem está a iniciar a sua relação amorosa com esta arte;

a algumas já eu tinha chegado por tentativa-erro.

Mas tenho gostado muito de lê-las para comprovar que estou no bom caminho.

E para aprender outras novas!

1ª dica: não usar flash – arruína-me qualquer imagem… tira-lhe o aveludado

(aqui está um termo mesmo técnico: aveludado… humm… )

com ou sem flash

2ª dica: optar sempre pela luz natural.

Procuro sempre uma divisão com grandes janelas e a hora do dia mais bonita: a manhã ou o fim da tarde (no Verão).

Quando se é “aselha”, as fotografias nocturnas ficam tremidas… tantas!

dia ou noite

3ª dica: ter cuidado com o cenário – não convém que cause ruído sobre o que realmente queremos fotografar.

Esta dica ajuda-me a focar; tenho um carácter, por natureza, propenso à dispersão.

cuidado com o cenário

4ª dica: encontrar os nossos pormenores e trazê-los para a fotografia.

Nem sempre arrisco, mas gosto muito da partilha destes momentos de intimidade.

a importância dos pormenores

pormenores

5ª dica: não contar com programas para editar a fotografia – tentar que fique logo como idealizámos.

Este é um dos conselhos que mais tenho ouvido do meu Pai.

O outro é não usar o zoom.

Dicas de quem é da era da fotografia analógica e que se empenhava em cada fotografia que tirava.

Todas estas lições são do blog A Beautiful Mess.


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Uma horta para ser feliz

Só o título e as páginas iniciais do “ciclo de vida feliz” seriam suficientes para eu me identificar com Marc Estévez Casabosch e ler cada parágrafo deste livro com toda a atenção.

Capa Uma horta para ser feliz

Primeira página

Mas com este livre aprendi muito.

A informação está com a profundidade q.b. de uma “Agricultura para totós”: ideal para o meu caso, mas com uma forte componente ideológica que eu subscrevo.

O “ciclo feliz” resume-se ao respeito pela terra e pelas plantas que nos oferecem folhas, flores e raízes.

Com os restos orgânicos destes manjares, satisfazemos as necessidades de duas galinhas ou construímos um compostor.

Com esta matéria (das galinhas ou do compostor), adubamos a terra que ficará pronta para acolher plantas fortes e saudáveis.

“A sustentabilidade em estado puro, em nossa casa!”

Numa horta ou num canteiro numa varanda.

Esqueçam a galinha, neste último caso…

Tomates amarelos

Lembram-se dos tomates amarelos?

Dica 1

O acolchoamento: significa cobrir a superfície de cultivo com matéria orgânica; pode ser palha ou folhagem ou composto.

Oferecemos nutrientes e sombra à terra, evitamos a evaporação, melhoramos a estrutura da terra e controlamos a proliferação de ervas daninhas.

Ou seja, nada de manter a superfície da terra imaculada; devemos simular o húmus da floresta dos nossos sonhos, com muitas folhas no chão.

O que já está na minha lista de compras?

Um fardo de palha!

 

Dica 2

As fases da lua são importantes.

A minha Avó consultava sempre a lua antes de semear ou plantar.

Eu ainda estou em processo: semeio quando tenho tempo… mas a minha teimosia em semear na altura errada tem-me dado alguns desgostos.

Por outro lado, já tive excelentes resultados quando segui as indicações e semeei no período Crescente da Lua!

Próximo objectivo: consultar o Borda d´Água!

 

Dica 3

Todas as plantas têm os seus caprichos e precisam de alguma atenção.

Para mim e para o autor, passear pelo quintal e olhar para os progressos das sementeiras é um prazer terapêutico de final do dia, assim como providenciar algum cuidado a uma das plantinhas.

bróculos

 

Dica 4

Qualquer pessoa pode ter uma mini horta, até numa floreira de uma janela sombria.

O livro explica-nos que plantas são mais resistentes e quais as mais delicadas; quais gostam de sol, sombra, solidão ou companhia,…

(Conseguem ver o acolchoamento de palha das alfaces?)

alfaces

Dica 5

O compostor, que eu já comprei na Casa Agrícola, deve ficar protegido do sol directo e do vento forte.

Deve conter um equilíbrio entre resíduos ricos em nitrogénio (verdes): restos de verdura e cascas de fruta, relva do jardim e ervas,… e resíduos ricos em carbono (castanhos): folhas secas, palha, papel, serradura, …

compostor

Dica 6

Adoptar duas galinhas!

Para já passo esta sugestão: não simpatizo com aves; é mesmo outro reino!

Daqui a uns meses voltamos a falar…

Só esta fotografia é que me faz repensar esta minha aversão aos galináceos.

galinhas do livro

Dica 7

No final do livro, surgem muitos contactos e ideias para hortas urbanas, como o Minigarden de que gostei muito.

 

Dica 8

“A horta é o melhor pretexto para começar a agir com consciência ecológica […]

Reutilize caixas de ovos para fazer as semeaduras […]

Deixe que a imaginação o conduza a bom porto e desperte a criatividade de toda a família.

Esta é a herança mais valiosa que pode deixar aos seus filhos. […]

Inicie esta revolução silenciosa em favor da felicidade.”

 

Não preciso de dizer mais nada!