Cultura: do latim “colere”, sinónimo de cultivar a terra.
Cultura: culto religioso.
Cultura: camadas complexas que incluem o conhecimento, os costumes, as crenças e as capacidades adquiridas pelo homem enquanto membro de uma sociedade.
Os poetas gregos e romanos cantavam a vida pastoril, mas não sei se Virgílio terá tido uma horta…
Epicuro falava da felicidade de ser autónomo (e livre) na sua pequena comunidade intelectual, afectiva, e também agrícola.
Aristóteles passeava, com os companheiros e discípulos, pelos jardins, ao longo de diálogos reveladores.
As três acepções de cultura sempre se misturaram e complementaram.
Na história da humanidade.
E no nosso quintal novo, em Estremoz.
Nos espinafres.
Na rúcula-bebé.
Nos coentros da Beatriz.
E na erva-cidreira.
Cultivamos a terra, prestamos-lhe o nosso culto e (re)adquirimos conhecimentos partilhados por gerações passadas.
Falamos com as plantas, fascinamo-nos com a germinação das sementes e reflectimos sobre o milagre da (nossa) vida enquanto cuidamos do que nos vai alimentar e fazer parte de nós.
Respeitar o ciclo das plantas (-nos) é o primeiro passo para ser “culto” (com e sem aspas).
2 de Maio de 2014 às 20:52
Delicioso esse seu post. Aqui temos um jardim na varanda com plantas, mas infelizmente as ervas não resistem. Adoraria cultivá-las como fazia na infancia. Hoje, só me é permitido cultivas palavras e acompanhar as fases da lua. No mais, fico a suspirar quando vejo fotos como as suas… Adorei o verde espinafre junto ao solo. A terra aqui em São Paulo é avermelhada, dizem, que é por causa do pântano que era em tempos outros e dos vulcões há milhões de anos… rs Gosto de saber essas coisas.
bacio
2 de Maio de 2014 às 23:41
Lunna,
queremos que continue a deliciar-nos com o cultivo das palavras!
Bacio
2 de Maio de 2014 às 22:44
Aninha, gostei imenso do teu texto. Comungo, totalmente, o teu ideal de respeito pela Natureza e o da autonomia que nos vem do cultivo da Terra. Também, no meu quintal, me delicio a verificar o crescimento das alfaces, dos coentros, das couves, … a plantar a rúcula, os pimenteiros, … Contudo, queria ser muito muito rica de modo a testar se o que nutro pelo cultivo da minha horta é verdadeiro amor ou se tudo não passa de uma tentativa de ajuda à economia cá de casa como o faziam, até meados do século XX, na Europa, os operários-agricultores a quem, um certo liberalismo económico, não reconhecia o direito a salários condignos…
2 de Maio de 2014 às 23:38
Palmira, como sempre, fico a pensar no que me dizes…
Acho que o amor pela tua horta é evidente na forma como sempre tens falado dela…
Agora, em relação ao liberalismo económico que não reconhece salários condignos, estamos a retroceder assustadoramente.
E a horta é um excelente complemento!
Um abraço, minha amiga!
Ana
2 de Maio de 2014 às 23:22
Que bom poderes ter um pedacinho de terra para cultivar! Adoraria fazê-lo! Beijinho
2 de Maio de 2014 às 23:39
É terapêutico e uma excelente fonte de saladas!
As varandas também têm muito para explorar!
Bom fim-de-semana!
3 de Maio de 2014 às 0:46
Ana, sinceramente eu achei maravilhoso esse seu post. Mexeu com todas as nossas culturas e nos ensinou a sermos cultos e “cultos”.
Um beijo especial,
Manoel
3 de Maio de 2014 às 21:54
Ana ,
O vosso quintal está muito bonito !
Adorei os coentros plantados pela Beatriz ! E o regador ? 😉
Acho que este envolvimento com a natureza nos faz muito bem à cabeça…nos educa e nos ensina a viver.
Afinal as coisas mais simples ,podem ser muito importantes… muito educativas e dar-nos grande prazer.
Parabéns, pelo vosso quintal.
Um beijo,
José
4 de Maio de 2014 às 23:46
José,
tudo muito verdade: Afinal as coisas mais simples podem ser muito importantes… muito educativas e dar-nos grande prazer!
Um abraço!
Ana
4 de Maio de 2014 às 15:56
A cultura pode ter perdido o direito a um Ministério, mas está viva em nós, nas hortas, nos vasos, no peito, regamos, cuidamos, partilhamos, e crescemos com ela. Obrigada por um blog cheio de culturas vivas.
4 de Maio de 2014 às 23:50
Marta,
a separação entre os cidadãos e quem supostamente nos representa é evidente nas pequenas e nas grandes coisas 😦
O mais importante é, sem dúvida, o que regamos todos os dias!
Um abraço,
Ana
5 de Maio de 2014 às 20:16
Desde que mantive a hortelã-chocolate tenho andado a aumentar as minhas culturas, é em vaso, mas já não me vejo a deixar de plantar. Há qualquer coisa de que reconforta no plantar e no cuidar. Fiquei com o bichinho. 😉 Obrigada.
6 de Maio de 2014 às 12:03
Quando era miúda adorava a horta, mas sempre me repeti que nunca viveria na terra, da terra ou para a terra. Um certo estigma que foi incutido na nossa sociedade pós-ditatorial… estigma que hoje me dá uma certa vergonha de ter integrado em mim…
Curiosamente, sinto cada vez mais esse apelo pela cultura da terra, pela comunhão com a terra, com a natureza, com o ritmo das estações. Quero voltar à terra, à horta, às suas culturas. Hei-de voltar! um dia…
7 de Maio de 2014 às 11:52
Foi um preconceito que se disseminou quando éramos crianças, é verdade; fruto das duras condições de vida de quem vivia da agricultura antes do 25 de Abril.
Mas tratar da terra e ver as plantas crescer dá-nos um conforto inesperado!
Um abraço!
6 de Maio de 2014 às 15:01
Adoro poder cultivar umas coisinhas. faz-me tão bem, à alma sobretudo!