“Le souvenir est le parfum de l´âme” – (George Sand).


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Corações

-Vamos fazer bolachas?

-Já não há bolachas?

-Hoje acho que janto bolachas!

-Quero bolachas da Feira!

-Bolachas! Adoro bolachas!

Pai e filha andam, há meses, em delírio com as bolachas “do livro“.

E são os autores destas frases: a correspondência frase-emissor não é a mais óbvia…

bolachas em massa

Claro que as bolachas de alfazema começaram por ser de alfazema, mas já foram de laranja, limão, gengibre e canela, chocolate Milka, cacau, flocos de aveia, sementes, … enfim, tudo o que me passa pela cabeça e há nos armários da despensa.

Bolachas cozidas 1

A receita mais habitual e mais saudável, uma vez que deixámos de comprar bolachas para casa:

1kg de cereais (300g de farinha de trigo integral, 200g de farinha de trigo; 100g de farinha Maizena; 100g de gérmen de trigo; 100g de flocos de aveia integrais e 200g de sementes: linhaça, chia, papoila,…);

300g de manteiga (mais ou menos 100g consoante os sentimentos de culpa do momento…);

150g de açúcar mascavado e duas colheres de sopa de mel;

5 ovos;

raspa de duas laranjas, muito gengibre raspado e canela.

1- Pré-aquecemos o forno a 180º.

2- A Beatriz unta as formas com manteiga.

3- A batedeira mistura bem a manteiga amolecida com  o açúcar.

4- Adicionamos os ovos lentamente.

5- E os cereais e os aromas.

6- Desligamos a máquina quando já a vemos cansada e colocamos a mistura na mesa bem polvilhada.

7-Trabalhamos a massa e divertimo-nos com o rolo da massa e com as forminhas.

bolachas corações

-Só quero mais um coração!

-Dois!

 

 

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O Papagaio de Monsieur Hulot

Desde pequenina que a Beatriz adora bibliotecas e livrarias.

Em Estremoz, não existe uma boa livraria, mas somos assíduas visitantes da Biblioteca.

Em Coimbra (e na Figueira da Foz), éramos clientes Bertrand: sentávamo-nos no chão e partíamos à descoberta.

O Papagaio de Monsieur Hulot veio assim para nossa casa.capa O papagaio de Monsieur Hulot

Tudo na vida deste Monsieur acontece de forma inesperada e surpreendente.

Desde o nascer do dia: agora é de noite!

página 1

Mas acendo o interruptor, abro a primeira super-página do livro, e o dia amanhece!

pag 2

A acção desenrola-se à volta destes pormenores do Monsieur Hulot (ainda mais despistado do que eu) e da compra de um papagaio com muita vontade de fugir.

pag3 O papagaio de Monsieur Hulot

Vale-lhe o apoio da velhinha Torre-Eiffel para atingir os seus intentos e apanhar o papagaio com a mais nobre missão do mundo.

pag 4 O papagaio de Monsieur Hulot

Sim, Monsieur Hulot é muito romântico!

E a Beatriz, ainda antes de tagarelar ininterruptamente comigo, com os bonecos, com a Branquinha, com os legos, garfos, facas e copos,… apontava para a amada de Monsieur Hulot e dizia: “Mamã!”.

Como?

Eu não sou ruiva!

Mas esta personagem gosta muito de ler…

ultima O papagaio de Monsieur Hulot

O livro não tem texto, mas as imagens são tão ricas e repletas de pormenores que nas primeiras 30 vezes que o folheei, fui sempre descobrindo detalhes cómicos e mais ou menos misteriosos.

O autor é David Merveille, e a personagem é inspirada na célebre personagem de Jaques Tati, como nos deixa adivinhar a última página do desastrado Monsieur Hulot.

A editora Kalandraka.

 

 


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Conversa de meninas

Como conversar com meninas pequenas?

Há frases que digo, porque sempre disse e porque tendemos a reproduzir o que fizeram connosco.

E porque as meninas pequenas são irresistíveis:

-Que bonita que tu estás!

– Que laço fofinho!

-Vestido tão liiindo!

E é assim que tento quebrar o gelo de um primeiro momento.

E é assim que, inconscientemente, valorizo a superficialidade e a vaidade.

São estas as referências que quero inculcar nas futuras mulheres da minha sociedade?

-Não!

Quando li este artigo do blog A cup of Jo, fiquei a pensar.

Numa pequena conversa inicial com uma menina, devia ter transmitido interesse pelo que aquela menina “é” e não pelo que a menina “parece”.

Que tal:

-Gostas de livros? Qual o teu livro preferido? Mostras-mo?

-E filmes?

-Tens animais? Por que razão gostas de leões?

-Qual a tua cor favorita?

-Gostas de jogar/legos/bolas…?

Há inúmeros desbloqueadores de conversa, se resistirmos à tentação de nos derretermos imediatamente perante estas doçuras.

Até porque, para além de mulheres bonitas, queremos um mundo de mulheres com ideias e personalidade.

E estes pequenos gestos podem fazer a diferença.

menina soulemama

(Fiquei estarrecida com estes números:

This week ABC News reported that nearly half of all three- to six-year-old girls worry about being fat.

In my book, Think: Straight Talk for Women to Stay Smart in a Dumbed-Down World, I reveal that 15 to 18 percent of girls under 12 now wear mascara, eyeliner and lipstick regularly; eating disorders are up and self-esteem is down; and 25 percent of young American women would rather win America’s Next Top Model than the Nobel Peace Prize.

Even bright, successful college women say they’d rather be hot than smart.

A Miami mom just died from cosmetic surgery, leaving behind two teenagers. This keeps happening, and it breaks my heart. )

A menina da fotografia é filha de Amanda Blake Soule, uma mãe também preocupada com estas (e outras) questões.


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Coqueiro

Gosto de palavras.

De escutar, de escrever, de ler palavras.

De observar, de conhecer, de estudar, de sentir e de pronunciar palavras.

Palavras de poetas, de escritores, de cantores, de pintores e de músicos das palavras.

Palavras de Portugueses e de Brasileiros.

 

Da Helka, da Lunna .

 

E do “coqueiro vegetal” de Sophia.

 

Gosto de ouvir o português do Brasil

Onde as palavras recuperam sua substância total

Concretas como frutos nítidas como pássaros

Gosto de ouvir a palavra com suas sílabas todas

Sem sequer perder um quinto de vogal

 

Quando Helena Lanari dizia o «coqueiro»
O coqueiro ficava muito mais vegetal.

 

De palavras dos nortenhos, dos alentejanos, dos beirões e dos ilhéus.

mão da Beatriz bebé

 

Para minha alegria, a Beatriz anda deslumbrada com as letras e com as palavras.

E, tal como me acontece com Mia Couto ou Mário de Carvalho, deixo-me levar por esta mão pequenina e olho pela primeira vez para algumas palavras.

“Pirolito”, “carrapiço”, “finório”, “solipampa”, “perdão” e “parolo” ou os nomes medievais que o Avô sugeriu para a neta: Urraca e Hermengarda.

-Mamã, estas palavras fazem cócegas!

 


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Erva uma vez

Este livro é muito perfumado!

E colorido!

Erva capa

E educativo!

Erva uma vez alecrim

E poético!

Erva uma vez alecrim ampliado

E útil!

Erva uma vez hortelã

E inspirador!

Erva uma vez alfazema

E verdadeiro:

” Esta [a alfazema] é uma daquelas plantas que todos os amantes de jardinagem já tiveram, têm ou terão em breve.”

E viciante: estamos nas 1001 variações destas bolachas…

Erva uma vez bolachas

E desafiante:

Funcho… no peixe?

Erva uma vez funcho

Delicioso!

Erva uma vez pizza

Tão apaixonante que andamos neste estado!

Da Patrícia Vilela, autora das frases mais belas do livro e do blog Forking Amazing; do Luís Alves do Cantinho das Aromáticas; do Nelson Garrido, autor das fotografias “tão…” e Pedro Botelho, designer gráfico.

A editora: Catinho das Aromáticas.

 


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Milimbo

A Mãe com a horta e com os livros.

O Pai com a música, os filmes e as construções.

A Avó Rosa com os jogos e com o colinho.

A Avó Silvana com a cozinha.

O Avô com os passeios.

A Tia Alda com os puzzles.

A Prima Cristina com a espiritualidade.

A Tia Alice com as flores.

É preciso uma aldeia para criar uma criança.

E, segundo o Pai, uma cidade Milimbo.

Milimbo1

A genialidade reside geralmente na simplicidade.

Milimbo 2

E a cidade Milimbo atrai a Beatriz e todas as crianças que entram cá em casa.

E os adultos!


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Compostor

Apresento o melhor amigo da horta:

– reduz substancialmente a quantidade de lixo que colocamos no contentor;

– promete um composto muito rico.

compostor 1

Como aluna cumpridora que sou, está protegido do sol directo e do vento forte.

Com o tempo quente que se faz sentir aqui no Alentejo, vou regando o interior com alguma regularidade.

E tenho o cuidado de garantir um equilíbrio entre resíduos ricos em nitrogénio (verdes): restos de verdura e cascas de fruta, relva do jardim e ervas,… e resíduos ricos em carbono (castanhos): folhas secas, palha, papel, serradura, …

compostor 2

A minha Mãe é uma aluna (mais do que cumpridora) excelente e fez com que umas pobres minhocas viajassem 300 km para virem habitá-lo.

Não as visito muito, mas penso que vivem felizes!

 


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Promoção

Há um mês, lançámos uma promoção no Facebook que deu que falar e que me deu especial satisfação, porque vai ao encontro do que acredito:

-a partilha do que temos (de melhor e) excedentário;

-o regresso à tradição milenar da troca de sementes!

Oferecemos sementes de abóboras da D. Adélia a quem provou o Doce de Abóbora com Frutos Secos Nacionais ou Doce de Abóbora com Laranja e Especiarias!

Doce e sementes de abóbora

A problemática da livre circulação de sementes, bem de todos, foi abordada numa crónica de Miguel Esteves Cardoso.

Com o trabalho de Lanka Horstink, coordenadora da campanha pelas sementes livres em Portugal (que conheci através da agenda de Fernanda Botelho) fiquei especialmente sensível a esta questão.

Proibir a troca de sementes entre vizinhos é tão absurdo como proibir os empréstimos e os presentes entre pessoas que se estimam.

Claro que ainda é mais perigoso, porque o que se pretende, a longo prazo, é  a monopolização da circulação de sementes por duas ou três multinacionais.

Ou seja, a monopolização total da alimentação.

E o fim da diversidade dos alimentos tradicionais/nacionais.

As sementes são-nos emprestadas pelas flores, pelos frutos, pelos insectos, pelos pássaros.

Portanto, sempre que puder, vou partilhar com os meus amigos muitas sementes!

sementes de abóbora

Mesmo que às vezes possa parecer estranha:

-Pipas? Um saquinho de pipas?!


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Degraus

“Mudamos tanto com a idade…”
                                                                                                                                                                                                                                         .
A minha prima costuma suspirar esta frase quando nos apercebemos das grandes mudanças que vão ocorrendo nas nossas vidas.
E são tantas…
                                                                                                                                                                                                                                         .
Eu amadureci tão tarde que só aos vinte é que comecei a gostar mesmo de poesia.
                                                                                                                                                                                                                                         .
E agora aos trinta (perto dos quarenta…) é que começo a gostar de ouvir fado… ao vivo (por enquanto).
                                                                                                                                                                                                                                          .
Camané e David-Mourão Ferreira.
Escada sem corrimão
É uma escada em caracol
e que não tem corrimão.
Vai a caminho do Sol
mas nunca passa do chão.
 
Os degraus, quanto mais altos,
mais estragados estão.
Nem sustos, nem sobressaltos
servem sequer de lição.
 
Quem tem medo não a sobe
Quem tem sonhos também não.
Há quem chegue a deitar fora
o lastro do coração.
 
Sobe-se numa corrida.
Correm-se perigos em vão.
Adivinhaste: é a vida
a escada sem corrimão.
                                                                                                                                                                                                                                                               .
                                                                                                                                                                                                                                                                 .
Gosto muito de ser Portuguesa!
.
Feliz 10 de Junho!