Os brancos multiplicam-se.
Mais do que os da minha Mãe.
E eu estranho-os e estranho-me.
O meu corpo está diferente.
Já não posso comer tudo o que quero (quer dizer, até posso, mas pago a factura… volumosamente).
Surpreendo-me, com frequência, com o aspecto das pessoas que estudaram comigo no Liceu.
O que lhes aconteceu?
Bem, quanto a mim, distraí-me e entraram pela frincha da porta quase 40 anos.
Aos 20, a Beleza é pura, fera, luminosa, deslumbrante.
Incontornável.
É um cliché em que só acreditamos quando já a deixámos para trás.
Mas é uma aparência incompleta, porque é, naturalmente, superficial.
Porque é uma Beleza povoada de insegurança, inquietação e leviandade;
o que até lhe dá graça, mas retira-lhe densidade.

Todos somos obviamente belos aos 20, mas poucos continuam verdadeiramente belos nas décadas seguintes.
Também é cliché, mas hoje procuro a verdadeira Beleza, aquela que é estruturada pela serenidade, pela dignidade, pela autenticidade, pela profundidade e pelo saber.
Essa nunca pode estar nos 20.
Encontro-a apenas num olhar intenso, num gesto inesperado, numa frase surpreendente, numa atitude admirável, … que torna o seu autor/autora irresistível.
A imagem é do blog : The Coveteur.
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