– sinto-me muito bem: barriga diminuída – autoestima aumentada!
– perdi 1 kg!
– na generalidade dos dias é mais fácil de cumprir do que eu julguei no início;
– consumir mimos açucarados é um hábito que pode ser alterado;
– ter consciência do que consumimos é respeitar o nosso corpo.
As dificuldades:
– à noite, depois de jantar e de um dia de agenda cheia, é difícil travar o impulso de nos auto-compensarmos com um doce;
– os fins-de-semana não são nossos amigos;
– e este nosso hábito de celebrar com açúcar também não – cometi um deslize ao ir buscar a Beatriz a uma festa de aniversário… e provei (só provei!) o bolo. Não podia ofender os anfitriões…
– praticamente tudo o que vem embalado tem açúcar: as tâmaras secas também! E até estes iogurtes!
Geralmente o que não tem açúcar adicionado tem carradas de edulcorantes: consumir adoçantes artificiais por sistema também não é uma boa opção.
-Gosto de cortar, mas também gosto de colorir, pentear, criar e, no fim, observar a pessoa melhor e feliz!
Foi o que a Michelle me disse, numa pronúncia inglesa muito loura, enquanto tratava das melenas de 3 gerações: as da minha Mãe, as minhas e as da Beatriz.
E eu penso que se todos nós, nos nossos encontros com os outros, nas acções que desenvolvemos, no trabalho e na vida, tivéssemos em mente esse objectivo o mundo ficaria melhor.
Não convivemos, mas vamo-nos cruzando e, por acaso, até já rimos juntos.
Na sala da escola da Beatriz, há um menino cigano: só percebi quando alguém me disse.
No meu contexto profissional, conheci três mulheres ciganas que abandonaram as suas comunidades.
Em momentos diferentes, em contextos diferentes, em locais diferentes.
Só a história era parecida.
Com essas falei muito e percebi que a separação foi voluntária, desesperada, dolorosa e resultou da intransigência familiar ou da comunidade.
A tradição cigana é para cumprir sem questionar, mesmo que não se concorde com ela ou que envolva violência, fome, ignorância, humilhação ou falta de possibilidade de escolha.
Nestas conversas, muito íntimas, reconheci-me na relação que têm com os filhos:
atrevo-me a dizer que o amor delas é mais avassalador ou feroz, talvez porque não tenha filtros nem quaisquer condicionantes sociais.
No meu percurso até Elvas, encontro, por vezes, ciganos nómadas; os últimos de Portugal.
Quase me esqueço dos relatos destas três mulheres que conheci.
Invade-me um sentimento de Liberdade e Poesia, ao ver as carruagens puxadas por cavalos, as fogueiras a faiscar nos acampamentos, as crianças a correr pelos campos, a roupa a secar ao vento, …
Durante a Idade Média, uma criança só era considerada pessoa depois dos oito anos.
A mortalidade infantil dizimava os mais frágeis e não fazia sentido investir em que tinha muitas probabilidades de não sobreviver.
É arrepiante pensar nestes termos, hoje em dia.
Fizemos, de facto, um longo percurso enquanto sociedade.
Mas ainda hoje encontro vestígios de um tempo que considerava as crianças como seres vivos, mas não necessariamente pessoas.
Quando ouço frases como:
-As crianças adaptam-se mais facilmente do que nós.
Não, não adaptam, sobretudo se não lhes explicarem bem em que consiste a mudança e não for muito acompanhada. No meu percurso profissional, encontrei dezenas de crianças que nunca se adaptaram e se tornaram adolescentes “problemáticos” e adultos com “debilidades”.
-É bom que vão para a creche bem pequeninos que é para se habituarem.
Habituarem a quê exactamente? A não terem atenção e afecto personalizado numa altura em que é quase só disso que precisam?
-Então mas ela tem querer? Não a obrigas a comer?
Tem “querer”, sim. Há decisões que sou eu que tomo, como é óbvio, mas a Beatriz não é obrigada a comer, nem a fazer muitas outras coisas importantíssimas, como dar beijinhos/ conversar com quem não quer/vestir uma determinada peça de roupa,… Há decisões ligadas à sua individualidade que eu respeito.
-Ela está bem; está ali com as outras e hoje não chorou.
Mas está a sorrir ou está triste? Estar com mais quinze crianças tristes não é consolo para mim. Cabe-me a mim zelar pelo seu sorriso.
-No meu tempo também era assim e estamos cá todos.
Todos, excepto os que não estão: os números da mortalidade infantil, devido ao aumento de cuidados de saúde, evoluíram de uma forma que nos deve orgulhar. Bem, e “estar cá” não é sinónimo de “estar cá a fazer algo positivo”.
A lista de episódios podia continuar…
A questão é que eu quero crianças autónomas, seguras, com personalidade, responsáveis e Felizes.
“O açúcar é o pior veneno que podemos dar aos nossos filhos.”- Pediatra Júlia Galhardo.
“As crianças estão a consumir 20 pacotes de açúcar por dia [tendo em conta as rotinas alimentares das crianças que a pediatra acompanha no Hospital D. Estefânia]”.
“O fiambre tem açúcar, tudo o que é processado e vem em pacote tem açúcar”.
“Basta olhar para o rótulo!”
“Ice tea não pode existir numa casa com crianças!”- Pai de um menino com excesso de peso.
“O açúcar causa os mesmos problemas que o álcool […] pode desencadear cirrose e outras doenças metabólicas [como a arteriosclerose, diabetes, hipertensão, cancro] … [independentemente da criança manifestar excesso de peso]”.
“Aos 4 anos, 52% das crianças consomem diariamente refrigerantes” – Carla Lopes, professora e investigadora da Universidade dos Porto.
“37% das crianças entre os 12 e os 36 meses têm excesso de peso ou são obesas;
47% das crianças entre os 7/8 anos têm excesso de peso ou são obesas.
Na última década a incidência de diabetes aumentou 80% em Portugal.”
“O açúcar é aditivo: causa dependência. ”
“O primeiro mês [sem açúcar] é muito difícil.” – Menino que pesava mais de 100 quilos.
A luta para retirar o excesso de açúcar da alimentação da Beatriz é cada vez mais dura.
O que escrevi em Novembro já não é actual:
A Beatriz foi para a escola, houve algumas alterações de hábitos alimentares com a nossa mudança para o Alentejo e o açúcar invade muito mais o nosso dia-a-dia do que há 18 meses.
Felizmente, a Beatriz gosta tanto de cenouras cruas ou mirtilos como de bolachas Maria ou bolo da Avó Silvana, mas continua a ser difícil travar essa luta no supermercado, numa vitrine de pastelaria ou em encontros familiares. E, é verdade, às vezes é mais fácil dizer “sim”.
Não podemos ingerir açúcar.
Mesmo o amarelo!
O que podemos usar para adoçar?
Stevia (o das ervanárias em gotas ou pó) – sem dúvida a opção mais saudável. Mas aviso que não é para todos pois tem um sabor “de fundo”.
Xarope de ácer
Mel (daquele cremoso para ter a certeza que estamos a obter todos os nutrientes que vêm com ele)
Açúcar de coco (em moderação)
Geleia de arroz
Xarope de coco
Ter atenção aos rótulos. Ver se tem açúcar ou xarope de glucose. Vão, infelizmente, reparar que há muitos alimentos que têm esta adição.
Uma criança de quatro anos faz-nos refletir sobre temas profundos.
Uma criança de nove, que passeia connosco pelas ruas de Estremoz, também.
– Vocês sabem o que é a Páscoa?
– É uma coisa em que vêm muitos coelhos… e nós vamos à Figueira da Foz.
– E comemos amêndoas e fazemos uma festa com a família.
– É verdade. Mas porquê?
– …
– Então não tem que ver com um homem muito importante que também celebramos no Natal?
-O Pai Natal?!
Não educo a Beatriz segundo os princípios da Igreja Católica;
o que não significa que não haja firmes valores éticos;
mas não quero que ela associe a Páscoa apenas a coelhos e amêndoas.
Falei-lhes do Menino Jesus que fez anos no Natal, cresceu e tornou-se um homem excepcional.
Expliquei-lhes que era bondoso e tinha muitos amigos.
Mas também alguns inimigos invejosos que o mataram.
Houve então um grande milagre:
o Pai dele, que vive no Céu, fê-lo viver novamente para provar a todos os homens que devem ter Esperança, porque o Bem nunca vai morrer nos seus corações.
É a minha interpretação muito simplificada da Ressurreição.