A primeira representação do bâton surge num papiro egípcio.
Cleopatra também o usava.
Até ao início do século XX, o batôn era usado apenas por prostitutas.
Li aqui que, no século XVIII, na Inglaterra, um homem podia pedir a anulação do casamento, se tivesse conhecimento de que a sua esposa usara batôn antes das núpcias!
As sufragistas norte-americanas lutaram pelos seus direitos e usaram batôn vermelho, como símbolo da sua rebeldia e da sua atitude desafiante.
Aliás, o batôn chegou a ter essa força durante períodos de guerra, no século XX:
uma mulher maquilhada transmitia a imagem de que estava disposta a lutar contra o inimigo apesar das dificuldades.
Consta que Hitler não tolerava mulheres de batôn ou com qualquer maquilhagem.
Nos anos 50 e 60, várias estrelas ousaram com batôn vermelho: Marilyn, Ava Gardner, Rita Hayworth ou Elisabeth Taylor.
Durante o movimento feminista dos anos 70, o batôn foi associado à imagem de mulher-objecto e foi banido.
Felizmente, algumas feministas impuseram-se, apesar do batôn e do verniz vermelho.
Por incrível que pareça, a verdade é que no final do século XX e o batôn vermelho ainda era reservado a modelos e actrizes.
Para mim, esteve reservado à passadeira vermelha até ao mês passado.
Agora tive de alargar o stock de batôns;
é que nem todos os dias são dias de batôn vermelho.
Ma já não prescindo de um toque de rebeldia nestes dias tão cinzentos!
14 de Outubro de 2015 às 11:06
Confesso que adorei este resumo sobre a evolução do batôn… fez-me reflectir sobre uma série de coisas…
O meu juízo comum diz-me que em Portugal as mulheres são mais reservadas na exposição do seu corpo (vestuário, maquilhagem, etc) do que noutros países, como os Estados Unidos ou o Brasil…. onde o baton vermelho não me parece que seja usado com muitas reservas (estereótipos?!?!). No entanto, em Portugal, essas mesmas mulheres (reservadas) sentem-se suficientemente confiantes para fazer topless ou até nudismo na praia, sem muito questionamento, sem, talvez, o receio de o seu corpo ser “objectificado”. Pergunto-me, será que, no final, neste nosso pequeno país de brandos costumes, nos sentimos apesar de tudo respeitadas?
Nos EUA e Brasil, por exemplo, é muito conhecido a proibição de exibir mamas. Nos EUA aparecem censuradas na televisão, em ambos os países o topless na praia é totalmente proibido (há muitos anos fui ao Brasil, e numa das idas à praia fui prevenida pelo facto de ter a alça do sutian desapertada – estava deitada a apanhar sol nas costas – não fosse eu ter a ideia de tirar o dito e exibir a minha sexualidade perante os demais… fiquei espantada como uma tira de tecido pode assustar um desconhecido na praia). Em ambos os países também a amamentação em público é altamente censurada e alvo de vários movimentos feministas para que possa ser recuperada/libertada…. Nesses países as mamas não são nossas, pertencem à esfera da sexualidade libidinosa que perturba os homens.
Faz-me pensar na liberdade que temos, afinal, aqui no nosso rectângulo à beira-mar. E eu que gosto tanto de ver mulheres com batôn vermelho. Espero que este continue a crescer a par e passo com o respeito que por cá se faz sentir…. (um pau de dois bicos?)
Tinha muitas saudades de vir aqui espreitar 🙂
Um grande beijinho
14 de Outubro de 2015 às 15:10
Gostei muito de ler-te!
Nunca tinha pensado muito no conceito que serve de base à proibição do topless… mas faz todo o sentido: a maior parte das leis são feitas por homens.
Curioso (e muito positivo) é o facto do nosso país ser tolerante nesse sentido.
Não sabia que no Brasil havia esse pudor.
Agora, em relação à amamentação, a situação ainda é mais bizarra: felizmente aqui a amamentação tem vindo a ser cada vez mais vista como natural, mas agora que penso nisso amamentei em França e não me lembro de ter visto mais ninguém a amamentar…mas a verdade é que ninguém olhou com estranheza. Sabes como é encarada a amamentação noutros países europeus?
Quanto ao baton, devia alegrar mais bocas, mas penso que ainda temos uma mentalidade que associa mulher vistosa a mulher pouco inteligente (e quem sabe que outros epítetos?).
Ainda bem que o Pico Pico voltou! Também senti saudades!
Beijinhos!
25 de Outubro de 2015 às 19:08
Gostei muito da resenha histórica.
Há ideias tão vincadas na sociedade a que até as crianças são permeáveis desde pequenas! Trabalho num colégio com miúdos do pré-escolar até ao 12º ano e já me aconteceu usar baton vermelho e ouvir as meninas de 7/8 anos dizerem “A Raquel hoje deve ter um encontro!” como se o baton tivesse de ser usado com o objectivo de agradar a alguém que não nós próprios!
Viva o baton vermelho! Usa e desfruta. 🙂
25 de Outubro de 2015 às 22:51
Iniciei-me há pouco tempo mas agora já não saio sem baton!
É difícil mudar mentalidades…