Ser mãe de menina é educá-la para um mundo igualitário e justo…
Ser pai de menino é educar assim:
“Ele tem 7 anos. Todos os dias, quando olho para a sua saúde – de ainda não ter sido tocado por quaisquer tipos de machismos – penso que a minha missão está no início.
No princípio.
E o princípio é fazê-lo entender que a opinião comum, disseminada entre os seus pequenos pares, de que menina não pode jogar futebol, está equivocada.
O princípio é fazê-lo saber, desde já, que não importa a roupa que sua amiga usa – se ela usa é porque quer, e se quer, está tudo certo e não cabe a ele julgá-la.
O princípio é ajudá-lo a entender que cor-de-rosa ou azul (e todas as outras cores) podem ser usados por meninas – e meninos.
O princípio é ajudá-lo a perceber que o cabelo da menina é do jeito que a menina quer. Que quando a menina dança, é apenas porque ela quer o vento da liberdade na alma. Que quando uma menina tira a roupa, é preciso respeito, porque é quando ela está vestida de si mesma.
E o princípio é, também, fazê-lo ouvir, sempre e em qualquer circunstância, a opinião de uma menina.
E o princípio é entender que suas irmãs ocupam um espaço importante no mundo, igualzinho ao dele.
O princípio é alertá-lo a não chamar mulher alguma de vaca, vagabunda, cadela – JAMAIS, desde já e para sempre.
O princípio é ajudá-lo a não desmerecer, descreditar, desprezar uma menina.
O princípio é lembrá-lo que o corpo da mulher é a nossa chance, como humanidade, de parir um mundo novo – e, portanto, precisa ser respeitado; e nunca violado.
O princípio, João, é ter princípios. E estou aqui para a gente aprender juntos, nessa longa jornada. E também ensinar um ao outro. Assim como você faz comigo, desde que nasceu.
Com você, filho, desaprendi a ser homem. Para tentar aprender a ser pai.”
Do pai Pedro .
Ilustrações de Luci Gutiérrez do livro As Mulheres e os Homens.