“Le souvenir est le parfum de l´âme” – (George Sand).


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Estética

Numa iniciativa recente, o Secretário de Estado da Educação salientou a importância da Estética na educação.

De origem grega: “AISTHETHIKÓS” sugere “aquele que nota, que percebe, que é sensível”;

mais tarde, por ilação, o vocábulo passou a referir aquele que é sensível às manifestações do Belo, na Natureza e nas Artes.

Nesse sentido, sem Estética, ficamos anestesiados, ou seja insensíveis às manifestações do Belo.

Achei o princípio excelente, mas também já aprendi a refrear-me relativamente às boas intenções que estão na base das reformas na Educação. Aliás, enquanto a reforma não for a médio ou longo prazo, com a participação de todos os intervenientes e partidos políticos, acho que não iremos longe.

 

Para Platão, o Belo identifica-se com o Bom e nesse sentido Estética e Ética são os princípios orientadores de qualquer modelo educativo.

Na educação da Beatriz, a matriz sempre foi essa.

Enquanto controlávamos o que influenciava a Beatriz foi fácil: muito Estúdio Ghibli, programas de televisão sancionados, uma redoma montada para o apuramento estético (pensávamos nós!).

Agora, temos o Canal Panda e uma parafernália de programas em catadupa, com muita cor, brilho e ritmo!

A par da Patrulha Pata, uma equipa de cães amorosos, aventureiros,altruístas e visualmente harmoniosos, eis que explodiram as LoliRock.

São bem intencionadas, fortes, solidárias, bem formadas e lutam pelo Bem, mas são tão, tão pirosas!

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E o pior? A minha Super-heroína adora-as, porque elas juntam o mundo da magia, dos super-poderes, das estrelas de rock e das princesas numa explosão de cores fluorescentes e muita bateria.

E eu estou sem saber o que fazer…

Esta imagem não é das Lolirock; eu tentei, juro que tentei, colocar uma imagem da Princesa Iris mas não consegui: afinal, este post iniciou-se com a definição da palavra Estética…

Esta Super-heroína é da Amy Blackwell.

 

 

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Histórias da Língua

Quando tinha 20 anos tinha a arrogância… dos 20 anos:

muitas certezas e a consequente altivez, inclusivamente em relação à nossa Língua.

Vivia na Figueira da Foz, estudava na Faculdade de Letras de Coimbra, portanto “falar bem” eu sabia…

Aos 22 anos, fui viver para o Alentejo profundo e aprendi que o meu conhecimento da Língua era muito pobre.

A riqueza de uma Língua reside na sua diversidade e eu, desse ponto de vista, era uma ignorante…

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Passei a fixar pronúncias e a encantar-me com a melodia de cada região.

Observei o que tinha estudado na cadeira de História da Língua: eu tenho uma pronúncia que é circunstancialmente valorizada, tendo em conta o contexto social, político e até económico em que vivemos.

Uma pronúncia tão valorizada que é designada como língua padrão, mas sem os juízos valorativos que os falantes (de Coimbra e Lisboa, sobretudo!) lhe pretendem dar.

Aliás, quando a corte estava instalada a Norte, adivinham qual era a norma padrão?

É pelo facto de ser tudo tão circunstancial que me arrepio quando ouço alguém ridicularizar a pronúncia do outro.

É um comportamento que, para além de revelar falta de educação, evidencia um profundo desconhecimento da História da nossa Língua.

Fico ainda mais envergonhada quando estas atitudes vêm de pessoas com formação e que chegam ao Alentejo com a tal sobranceria que eu tinha aos 20!

Para além do contexto histórico que referi, fico muito feliz por não estarmos padronizados.

Gosto especialmente de regionalismos, arcaísmos e neologismos;

todas as variedades que revelem que a nossa língua está viva, dinâmica e cheia de saúde.

v.h.m. diz mesmo que, por vezes, usa nos seus livros neologismos, palavras de outras línguas que ele “aportuguesa” e que, por serem tão expressivas, não impedem a sua compreensão.

E que dizer então de Mia Couto ♥

Imagem de Joana Rosa Bragança.

 

 

 


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Super-Heroína

Já sabemos que há ainda um caminho a percorrer até atingirmos a igualdade de género.

Mesmo nos países ocidentais, nos comentários mais inocentes há a supremacia masculina.

Nos livros infantis, surge frequentemente “o médico”, “as enfermeiras”, “a professora”, “o polícia”.

A minha última resolução foi alterar o género das personagens das histórias que leio à Beatriz.

A  boneca Nancy das Neves – Médica do Gelo (parecida com esta) é, invariavelmente, confundida com uma enfermeira (sem desprimor para a profissão, como é óbvio; não é isso que está em questão).

As roupas das meninas das lojas têm tanto cor de rosa e brilhantes e frases como “I´m pretty”, Beautifull” e “Dreams come true” !

Nem sei bem como é que “Dreams come true”… se não fizermos nada para que eles se concretizem, se não partirmos à aventura e nos desafiarmos.

Quando vi esta t-shirt tive uma epifania.

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Eu não quero que a minha filha seja uma princesa, quero que ela seja uma super-heroína;

quero que ela sonhe e viva e que o seu género nunca seja uma limitação para o tamanho dos seus projectos, nem tolero sequer uma autolimitação inconsciente.

Não posso deixar que comentários, olhares ou modelos discriminatórios a impeçam de acreditar que pode ser super-tudo, sobretudo super-fiel a si própria e às suas vontades… ainda que elas passem por usar tutu.

saia tutu preta

 

Aliás, não tenho nada contra as super-heroínas que usam tutus!

Tenho uma cá em casa!

Todas estas super-heroínas estão na loja H&M, uma loja acessível, com algumas preocupações sociais relativas à confecção das suas roupas e mais alternativa em termos de pronto a vestir infantil feminino.

 

 

 


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Desarrumar

Tenho fama de ser desarrumada o que, obviamente, considero tremendamente injusto.

Apenas não tenho tempo para arrumar tudo como gostaria e, admito, tenho outras prioridades.

Tantas outras prioridades!

Aqui em casa, há quem ache que esta desarrumação é um reflexo do desassossego em que anda sempre na minha cabeça.

É capaz de ter razão…

Desde há uns meses que tenho tentado estar mais presente em casa e manter assim tudo mais organizado, até os cabelos da Beatriz!

Com as encomendas de Natal, tudo se desorganizou: conjugar a profissão com o Frasco de Memórias e os presentes que gosto de oferecer transformaram a minha secretária num sítio muito mais caótico do que este.

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Aliás o meu quarto, com a cama por fazer, nunca teve este allure.

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E a cozinha?

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Tenho muito a aprender com a decoração escandinava… até na minha desarrumação!

As imagens desarrumadinhas são do blog da Katerina, uma grega apaixonada por decoração nórdica.


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Realidade

Apesar dos achaques de autoestima que por vezes me assolam, ando muitas vezes cheia de mim.

Nada melhor do que a presença de um irmão para nos voltar a colocar na terra.

-Que é isso na tua orelha?

-Ah! Aqui? (Reparaste, portanto! Eu, com um piercing diferente, toda moderninha!)

– Já vi, é um piercing! Parecia mesmo um aparelho auditivo!

-Um quê?!?! (Aterra!!!)

Só quem viveu connosco nos anos 80, nos viu com a calça de ganga dobrada, com as paranóias da pré e pós adolescência e, depois, a tentar ser adulta, tem este poder sobre nós!

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Claro que o facto de um irmão ser a única alma que nos compreende em momentos difíceis da vida nem precisa de se dizer!


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Pessoas

Um pediatra conhecido referia, numa entrevista, a sua estranheza pelo facto dos pais de hoje estarem tão obcecados em proporcionar aos seus filhos os melhores colégios, as melhores atividades, as ideologias mais em voga que se esqueciam do essencial.

Deu o exemplo de uma família que inscreveu o seu filho num colégio Waldorf que o obrigava a percorrer 40km diários, colocando para segundo plano os avós que estavam disponíveis para o neto. O pediatra ironizava e perguntava se era mais importante as crianças relacionarem-se com as árvores ou com as pessoas com uma herança incrível para transmitir.

De facto, o poder dos avós não tem concorrência.

Mas também se aprende muito num passeio com a tia, numa conversa com os vizinhos ou num almoço em casa dos amigos.

Aprende-se o que uma sala de aula nunca poderá ensinar; não é o cálculo matemático, nem a língua estrangeira, mas aprende-se a questionar o mundo (ainda que seja ainda o pequeno mundo dos 5 anos); aprende-se a respeitar o outro e as suas diferenças, aprendem-se competências sociais, inicia-se a autoanálise, desenvolvem-se os afetos.

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Se quero que a Beatriz seja poliglota ou tenha o raciocínio de um matemático ou seja um líder do futuro?

Claro, mas apenas na medida em que essas competências lhe possam proporcionar Felicidade.

No fundo de mim, quero que seja uma  cidadã lúcida e responsável e uma jovem com os afectos bem resolvidos.

E esse é, sem dúvida, o verdadeiro sucesso do ser humano.

Essa é a verdadeira Felicidade.

 

Blog da fotógrafa Katrina Campbell.


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Nostalgia

Enquanto procurava inspiração para o meu quarto novo, encontrei o meu roupeiro portátil do tempo em que tudo na minha vida era tão provisório.

Fiquei numa onda nostálgica, com vontade de trazer a memória desses anos, para o quarto novo.

Foram anos de muita instabilidade, mas também de muita descoberta e aprendizagem:

aprendi a gerir espaços impessoais e a transformá-los em lares, aprendi a partilhar casa e, sobretudo, aprendi a viver comigo.

Uma das experiências mais enriquecedoras consistiu mesmo em viver sozinha… em espaços minúsculos, é certo.

Numa altura em que quase tudo tinha de ser portátil, uma peça que andava sempre comigo era o charriot.

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Para além de dar uma graça extra ao quarto, também gosto dele na entrada da casa, para colocar os casacos.

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Como sabemos, “arrumação nunca é demais”!

Imagens My Domaine


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Happiness

“Happiness is when what you think, what you say, and what you do are in harmony.”

Mahatma Gandhi

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É o lema para 2017.

Parece tão simples mas, devido a todas as convenções, obrigações, contradições internas e, principalmente, devido ao meu carácter demasiado conciliatório (e por vezes estouvadamente intempestivo!), é uma luta diária.

Um difícil equilíbrio que exige muito treino, persistência, auto domínio e delicadeza (connosco e com os outros!).

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passeio-de-bicicleta-ao-por-do-sol

 

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Estas imagens são de um blog que me faz muito bem; da Laura e da Nora: Our Food Stories.


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Receita

Votos de um 2017 cheio de Poesia, Paz e Força para resistir, para fazer acontecer, para abraçar desafios!

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Carlos Drummond de Andrade dá-nos a “Receita de Ano Novo”.

 

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

mala-gira-discos-crosley-aberta

Que o misterioso 2017 esconda músicas e poemas… e que nós o persigamos sem tréguas!

Imagens do blog (lindo!) We Blog You.