Prometeu, primo de Zeus e benfeitor dos humanos, deu-nos o Fogo.
Antes disso, éramos apenas bonecos moldados em barro.
Prometeu “roubou algumas sementes de fogo à roda do Sol e levou-as para Terra, escondidas num caule de férula.
Zeus puniu os mortais e o seu benfeitor.
Aos primeiros, enviou-lhes uma criatura por ele expressamente forjada para o efeito – Pandora.
Quanto a Prometeu, prendeu-o com grilhões de aço no cimo do Cáucaso e determinou que uma águia lhe fosse comendo o fígado, que se ia renovando incessantemente.
Jurou ainda pelo Estige que jamais libertaria o traidor.”
(Do Dicionário de Pierre Grimal)
Tanto sofrimento para nos dar a chama da vida e, na maior parte dos dias, nem a vejo.
Autómatos, anestesiados, deslizamos pela vida.
Hoje é porque está frio, amanhã é porque temos pressa, para a semana é porque a filha está constipada, no final do mês, é porque não recebemos… no final do ano, é porque temos medo e sempre nos disseram para “evitar sarilhos”.
Assim, vivemos, sem grandes aborrecimentos, com a consciência adormecida… mas sem calor no coração.
Já que não podemos devolver a Pandora, podíamos, pelo menos, fazer alguma coisa com o Fogo.