

Numa escola do Alentejo, assisti a uma iniciativa louvável, ao longo da qual se convidaram vários profissionais, a fim de partilharem as suas experiências académicas e de trabalho, com jovens de quinze anos.
Numa das intervenções, uma pediatra enfatizou a importância de manter o foco na hora de escolher o futuro.
Descreveu o seu duro percurso académico e tudo aquilo de que teve de abdicar para se licenciar. É uma profissional realizada, mas realçou a necessidade de reflectir sobre o que se gosta e de alargar o leque de opções.
Salientou que teria sido muito feliz como educadora de infância, porque do que fundamentalmente gostava, enquanto médica, era do contacto com as crianças. Pensava, actualmente, que teria vivido o início da juventude menos pressionada e isolada, se tivesse feito essa escolha.
Foi um discurso humilde e consciencioso e fez-me pensar sobre as minhas escolhas.
No final do ensino básico, percebi que gostava muito de ler e de escrever e que teria de seguir Humanidades.
Apesar de tímida, gostava muito de pessoas e de partilhar descobertas.
Estavam reunidas as características essenciais para, um dia mais tarde, ser professora.
Na minha ingenuidade, depois de ver vinte vezes O Clube dos Poetas Mortos, não fazia ideia das dificuldades.
Depois de muita persistência da minha parte, da minha família e de amigos, consegui exercer e, finalmente, pertencer à carreira docente.
Hoje, tal como há vinte anos, continuo sem saber o que vai acontecer no mês de Setembro; continuo sem estabilidade geográfica.
A dispersão das últimas duas décadas teve custos elevados, no meu equilíbrio financeiro e, principalmente, no emocional, assim como na manutenção dos afectos.
Obviamente que também foi devido a esse périplo que conheci o meu país;
aprendi muito com pessoas diferentes e tenho legitimidade para afirmar que os professores são, na sua maioria, esforçados, responsáveis, bem intencionados e muito generosos. Sobretudo no interior do país, fazem, de facto, a diferença na vida das crianças. Apenas uma ínfima parte está esgotada e não tem a resistência ou a resiliência que esta profissão, cada vez mais, exige.
Gosto de ser professora, mas reparo que, a cada ano que passa, chego ao fim do dia mais cansada.
São trinta alunos numa sala e é impossível manter o contacto (mais do que visual!) com todos.
O “Programa de Português” é alienado: exigente, infindável e inesgotável, ignora que os alunos (que nunca leram um livro para além da colecção Uma Aventura) precisam de tempo para analisar, assimilar, e para aprenderem a apreciar um texto literário.
O “Programa e Metas Curriculares de Português” de 2014 sugere quatro aulas para leccionar Fernão Lopes, duas para História Trágico-Marítima, oito para António Vieira e seis para Amor de Perdição, por exemplo. Contextualização histórico-cultural incluída!
Apesar da demência ministerial, travo uma luta diária para conseguir trazer todos os alunos comigo e sinto, com frequência, que o problema está muito para além da escola.
O final do dia é, por todos estes motivos, muitas vezes, marcado pela exaustão e frustração.
Entretanto, o outro motivo que me fez optar por esta profissão, a literatura, vai ficando sequestrada.
À noite, raramente consigo ler mais do que uma página sem confundir as letras.
Volto à questão levantada pela pediatra:
não poderia ter feito outra escolha que me fizesse feliz e preenchesse os requisitos iniciais: a literatura e a partilha com os outros?
Até que ponto não estaria no lugar certo a trabalhar numa livraria ou numa biblioteca?
É uma questão existencial que me atormenta.
A persistência na profissão, como a maior parte das grandes decisões da minha vida, é, sem dúvida, mais emocional do que racional.
Quando penso numa alternativa mais serena para a minha vida, abalam-me os sorrisos dos cento e quinze alunos deste ano e os sorrisos que me acompanharam nas últimas duas décadas.
Para mim, a escola é um lugar de Conhecimento, mas principalmente de Afectos; acredito que não há aprendizagem efectiva, se esta não tiver um contexto afectivo.
E volta o lado emocional a toldar-me o pensamento…
Não sei se estou bem.
Haverá o lugar certo?
Imagens: Jenny Kroik.
A Teresa é minha amiga, é minha prima do coração e é uma blog hunter.
Tem um talento invulgar para descobrir blogs imperdíveis que eu não conheço e que nunca viria a conhecer na vida.
Este blog seduziu-me logo através do nome F***it… Going to New York!
Há dias em que estas duas primeiras palavras me sacodem o espírito mais do que eu gostaria de admitir.
É a vida!
São os outros!
Somos nós!
F***it… Going to New York! faz-me querer emigrar para esta cidade silenciosa e limpa, que só existe nesta plataforma.
Na minha cidade, a indumentária ainda muda de cor consoante o estado de espírito, mas nesta Nova Iorque depurada a roupa transforma-se ao ritmo da arquitectura.
Com cores, texturas e formas que ajudam a manter o foco!
Todas as imagens FIGTNY.COM
Há tantos géneros quanto seres humanos no nosso planeta.
Seria tudo mais fácil, mas bem mais aborrecido, se apenas oscilássemos entre dois pólos.
Acredito que há uma escala entre o feminino e o masculino e cada um de nós se situa num ponto.
O mesmo se passa com a orientação sexual.
Kinsey disse que a escala é de 0 a 6 e que ninguém está verdadeiramente nas extremidades, ou seja, ninguém é, indubitavelmente, homossexual ou heterossexual.
Somos mais fluídos do que aquilo que durante séculos se definiu de forma simplista.
No ano passado, a National Geographic dedicou uma edição ao género, igualdade e fluidez de género: entrevistaram crianças de 9 anos para perceberem de que forma elas se sentem limitadas (ou mais livres) devido ao seu género.
O vídeo com as entrevistas é incrível.
A menina da capa nasceu menino há 9 anos e a sua maior alegria, desde que se assumiu menina, é não ter mais de fingir ser menino.
Ora o que se pretende, no futuro, é que ninguém tenha de fingir num assunto tão íntimo como a identidade e a sexualidade e que os tabus dos últimos séculos se desfaçam.
Pessoalmente, não tenho dúvidas de que uma sociedade resolvida intimamente vai ser uma sociedade mais bondosa e empática.
espaço reservado a desabafos tipo assim um bocadinho "crazy" "or not"
I traditori onesti
I make things. So can you.
Sara no mundo da Etnobotânica - O Homem e as Plantas
Vida na República Tcheca e viagens independentes pelo mundo
Coma Bio, sinta-se em forma.
Investigação, ensino e debate sobre temas queirosianos
por Lunna Guedes
de Inês Nogueira
Releitura do viver bem
a space between sewing, motherhood and photoblogging