“Le souvenir est le parfum de l´âme” – (George Sand).


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Poema de Natal

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos…
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

Vinicius de Moraes

Feliz Natal!

Uma ceia florida da ilustradora Maori Sakai!

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Maori Sakai

Todos os anos elejo um ilustrador, mas 2019 escapou-me…

Como é que este ano já está terminar?

A japonesa Maori Sakai nasceu em 1988, estudou em Tóquio e é nesta cidade que reside.

Faz estas animações irresistíveis que eu descobri no IGNANT.

Apetece-me levá-las comigo para todo o lado e atirar uma ou duas para cima dos “azedumes” que nos empalidecem o chacra.


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Cheating on black ?

O Inverno começa e acompanham-me nuvens negras.

Metafóricas e literais.

Vestir preto é uma opção estética mas admito que influencia o meu humor, sobretudo nos dias de chuva. Bem, nada anima o meu humor nos dias de chuva, mas vale a pena tentar.

Em sintonia com os melros (já que os corvos são agoirentos), este casaco tem-me acompanhado neste início de estação.

E este nos dias mais amenos.

Como tenho a tendência para os extremos, já ando de olho nos brancos e nos pálidos.

Por enquanto só nas camisolas.

Como o frio alentejano é uma dura realidade, estes casacos casulo andam a perseguir-me.

Juro que tenho tentado aproximar-me de cores mais radiosas.

Os blazers masculinos já andam a passear por Estremoz.

As camisolas de lã são as aliadas de sempre quando o nosso local de trabalho não tem aquecimento (nem dá para acreditar, mas é verdade!).

Infelizmente, começo a convencer-me de que a qualidade da malha é uma questão de roleta russa. Tenho básicos 100% lã da Modalfa impecáveis e malhas de marcas bastante mais caras que fazem apenas uma estação até parecerem as mantas dos meus gatos.

As malhas Zapa e a Caroll não me têm decepcionado.

Faltam-me ainda estas cores para suavizar o meu humor tempestuoso.

Quanto às botas, são as incontornáveis.

Com uma ligeira variante.

Para ser sincera, dispensava estes modelitos cheios de pinta e hibernava já até à próxima Primavera…

Todas as imagens estão no meu álbum Pinterest.


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Há Bibliotecas no Céu

Talvez Adília Lopes tenha razão e no Céu haja bibliotecas.

É uma ideia reconfortante.

“Não gosto tanto”

A carne é triste, sim, e eu li todos os livros.
Mallarmé

Não gosto tanto
de livros
como Mallarmé
parece que gostava
eu não sou um livro
e quando me dizem
gosto muito de seus livros
gostava de poder dizer
como o poeta Cesariny
olha
eu gostava
é que tu gostasses de mim
os livros não são feitos
de carne e osso
e quando tenho
vontade de chorar
abrir um livro
não me chega
preciso de um abraço
mas graças a Deus
o mundo não é um livro
e o acaso não existe
no entanto gosto muito
de livros
e acredito na Ressurreição
dos livros
e acredito que no Céu
haja bibliotecas
e se possa ler e escrever.

Adília Lopes, De Florbela Espanca espanca (1999)

[Adília Lopes, pseudónimo literário de Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira, nasceu em Lisboa, em 1960]

A imagem animada é da artista japonesa Maori Sakai.

Encontrei-a no meu site de eleição, IGNANT.