Ulisses, antes de partir para a Guerra de Tróia, aconselhou-se com Mentor. Pediu-lhe, inclusivamente, para ser o tutor do pequeno Telémaco, durante a ausência do pai.
Não pára de surpreender-me a influência da cultura grega na nossa língua e, por conseguinte, na nossa substância.
valter hugo mãe é o meu mentor.
Fico sempre a reler o que diz nas entrevistas e nas crónicas.
Na revista da livraria Bertrand, dá orientações muito sábias e inspiradoras para a vida.

“Revista Bertrand: Com esse superpoder [a poesia], continua a ter a pretensão de salvar o mundo?
valter hugo mãe: Quero, ao menos, não piorar o mundo. […] já entendi que há gente indisponível para ser salva. Aceitar que algumas pessoas optam pelo abismo e votam no abismo é essencial, porque não podemos cultivar o remorso de, nos nossos planos de beleza, não caber toda a gente. Porque não cabe. Então, estou muito interessado em fazer com que o mundo não destrua minha benignidade, minha generosidade, meu compromisso com a verdade e com a esperança. E é desse modo que me apresento perante quem se encontra comigo. Mas sei que outras pessoas vivem a avidez de ver o mundo sangrar, como se sucumbissem a uma vontade de vingança. Não quero permitir que algo me agrida tanto que viva à espera de vingança. Quero estar como útil aos outros, como quem ainda sabe amar, sim […]”

Emma Hardy é inglesa, fotógrafa autodidacta, e segue este lema:
“I photograph with my heart engaged, […]”.
Pronto, é isto:
a frase de Emma, “I live with my heart engaged”, mas com as palavras de vhm na cabeça “no meu plano de beleza, não cabe toda a gente” – duas ideias que não são incompatíveis e que, conciliadas, talvez nos permitam ser mais felizes.