“Le souvenir est le parfum de l´âme” – (George Sand).


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Casa de Outono

Estamos novamente confinados em casa.

Volto a olhar para as minhas paredes e renova-se a vontade de reformular e aconchegar o lar.

Entre o estilo boémio e o minimalismo escandinavo, sempre preferi o colorido mediterrâneo.

Mas, enfim, com a idade começo a depurar-me e a necessitar da organização nórdica na minha vida. Pelo menos em casa…

Continuo a gostar da cozinha com prateleiras, mas agora privilegio a possibilidade de arrumar/esconder e deixar as bancadas livres para os imprevistos culinários. É muito mais prático que estes aconteçam sem terem de pedir licença às mil coisinhas que por lá estacionam.

Não sei se há uma explicação psicológica, mas o meu lado étnico e folclórico está, definitivamente, a empalidecer e só consigo pensar em branco para o meu escritório. Tudo neste palácio estremocense demora a tomar forma mas, depois de uns quantos contactos com um novo carpinteiro e muitas visitas virtuais ao IKEA, talvez leve mesmo a depuração branca a outro nível.

A sala de estar pode ser uma toca menos branca mas, ainda assim, monocromática.

Também pode ser branca…

Os pormenores das velharias e dos livros são para manter, claro, bem espalhados pela casa.

Os quartos ainda precisam duma cara de Outono.

E estas casas de banho incríveis?

Só têm de estar muito quentes.

O aquecimento em casas seculares é um problema grave e estou a pensar seriamente em soluções radicais. Não necessariamente brancas, embora estas caldeiras sejam incríveis.

Ainda não retirei toda a mobília de Verão do terraço e é mesmo o momento mais triste do Outono. Estou a pensar deixar uma cadeira e espreguiçar-me ao sol com uma manta quente para apanhar vitamina D… e limpar a mente de maus humores.

As imagens foram roubadas a vários sites, mas dado o allure do momento, tenho andado muito pelo blog My Scandinavian Home.

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Menos

A indústria da moda é uma das mais poluentes do mundo.

A primeira é a petrolífera.

Fiquei com a minha consciência ecológica muito inquieta, ao ler esta notícia.

“Uma t-shirt produzida a partir de algodão convencional gasta 2700 litros de água, o equivalente ao consumo médio por pessoa durante dois anos e meio.”

Como faço a separação do lixo, consumo pouca carne, privilegio alimentos de produção local e já não faço viagens diárias de carro, habituei-me a pensar que não é por minha causa que os recursos anuais da Terra se esgotam cada vez mais cedo. Nada mais errado.

Há um consumo desmedido de roupa no mundo ocidental: as colecções de fast fashion são lançadas de 15 em 15 dias (o factor novidade incrementa as compras!), o que implica emissões descomunais de gases, consumo de água e outros recursos naturais (e humanos) astronómicos!

Estranhamente, só quando comecei a ter de organizar o meu quarto de vestir é que vi o disparate de roupa e calçado que tinha espalhado em vários armários. Demorei semanas a seleccionar e doei montanhas de peças.

Acumulei, durante anos, sem pensar, e o facto de comprar muito em outlet aliviava-me a consciência.

O advérbio “muito” arruina qualquer equação…

Obviamente que comprar mais do que o razoável, para além de ser um sinal da minha vaidade, também reflecte um desajuste em relação às minhas verdadeiras necessidades, ou pior, uma fuga das minhas reais necessidades.

Há uns meses, senti necessidade de fazer uma pausa.

Coincidiu com esta paragem global que fomos obrigados a fazer, mas a verdade é que, apesar de todos os perigos exteriores, interrompi o ritmo frenético em que andava e foquei-me no que preciso para ser feliz.

Definitivamente, não preciso de tanta roupa…

Acabei de lançar um desafio a mim própria: não comprar qualquer peça de roupa ou acessório (para mim ou para a Beatriz) durante dois meses. Pode parecer pouco para quem é contido, mas para mim é uma mega aventura.

É verdade que andamos semi-confinados e o apelo das lojas físicas não é evidente, mas ainda assim o desafio é muito válido. As compras online impuseram-se, por aqui, desde Março…

O outro desafio consiste em ser suficientemente criativa e reinterpretar a roupa que já tenho. É mais do que suficiente. A minha Mãe que o diga…

Tenho andado mais pelo Pinterest do que por lojas online e estas imagens são da minha nova diva, Emanuelle Alt, a quem não falta roupa… Espero, no entanto, que me inspire a reinventar, com pormenores como os cintos ou combinações mais improváveis.

Uma inspiração da editora da Vogue parisiense para me levar a consumir menos? Não deixa de ser irónico, mas tanta incoerência pode ser que resulte.

Quero ser mais livre, mais equilibrada e ter mais dinheiro para fazer o que realmente gosto: organizar a minha casa, conviver com os que amo e passear com a Beatriz.

Para já, pretendo fazê-lo num raio geográfico apertado, mas este bicho não há-de infernizar-nos para sempre.

Ficam as dicas de Emanuelle Alt, válidas para ser designer de moda… ou para viver melhor:

1- Be funny!

2- Be creative!

3- Be on time!

4- Work hard!