As reflexões proporcionadas por Redmond Barry em torno das relações foram densas e impactantes.
A discussão seguiu por semanas, pública (na página do Facebook) e privada.
A par dos balanços-charneira e decisões estruturais, são os dias sem história que constroem a narrativa de qualquer par, recente ou antigo. São esses que têm de valer a pena!
Um poema do dinamarquês Henrik Nordbrandt recordou-me a leveza e a suavidade dos primeiros encontros, quando nos aproximamos pé ante pé, “aos bocadinhos”, e tentamos perceber os formigueiros do coração.
♥
esplanada
está a chuviscar um bocadinho
mas não tanto que se possa
chamar a isto mesmo chuva
e vamos ficando molhados lentamente
mas não tão molhados que valha
a pena falar disso
e um bocadinho apaixonados
mas não tanto que se possa
chamar a isto mesmo amor
Henrik Nordbrandt
A leveza inicial pode inspirar o quotidiano: Sting e Melody Gardot lançam o mote.
Ou seremos todos mais latinos, como os franceses, que precisam de causar periodicamente tempestades afectivas, mais ou menos controladas, para adicionar drama a uma relação que o tempo torna entediante? O minuto 7 deste vídeo explica como fazê-lo! É uma caricatura, mas reconheci a Ana de há alguns anos!
O que nos impele para a reacção plácida ou para a reacção sanguínea? Será o carácter, o temperamento, a inteligência emocional, o autodomínio, a maturidade ou a pessoa com quem nos relacionamos?
Ou serão apenas fases da nossa vida: vamos sendo arrebatados por ondas mais epidérmicas ou por vagas mais serenas ?