Londres é uma cidade múltipla:
Intensa e vibrante.
Noturna e frenética.
Monástica e protocolar.
Descontraída e acolhedora.
E muitos outras que eu não conheci em 5 dias de viagem.
No início deste ano letivo, a Beatriz pretendia conhecer a faceta académica da capital, através de um projeto ousado que a diretora de turma queria implementar na escola. Entretanto, intensificou-se a crise, disparou a inflação e manteve-se a especificidade de vivermos numa região muito desfavorecida do interior alentejano, onde a maior parte das famílias contam os euros e não os sonhos.
Prometi à Beatriz que a viagem iria concretizar-se, ainda que tivéssemos de abdicar de outros projetos familiares.
Secretamente, planeava reencontrar o cenário dos videoclips punks da minha adolescência, lá nos perdidos anos 80, entre DrMartens e cristas rebeldes.
Esta é ainda a luz de Lisboa; não é a toa que é célebre.
A atmosfera a Norte é industrial e dramática.
O Tamisa já não é o “Great Stink” do século XIX, mas não conserva o romantismo de outros rios famosos.
Capital desde o século XI, apesar da destruição quase total no Grande Incêndio do século XVII (e dos bombardeamentos durante a Segunda Guerra Mundial), Londres exala a vitalidade e o cosmopolitismo que sempre a fez ressurgir.
O bulício é inebriante e, simultaneamente, acolhedor.
Toda a diversidade individual tem espaço. Apesar da sobrelotação do centro, senti que a pluralidade cultural é a maior riqueza da cidade.
São muitos os estímulos, sobretudo para quem, como eu, gosta de observar e tem uma enorme curiosidade acerca dos outros.
No meu velhinho Guia American Express, li que Picadilly (a principal artéria de West End) já se chamou Portugal Street.
O Soho aparece descrito nos roteiros como o local das ruas enérgicas e o epicentro da vida diurna e noturna. É magnético.
À noite, os jovens correm pela cidade em grupos alegres. Nas estações, li vários avisos divertidos e ilustrados a avisá-los de que não eram canguros e que era proibido correr nesses locais públicos. Identifico-me muito com este tipo de humor, já desde a Britcom dos serões de sábado do milénio passado, na RTP2.
Nem com o Guia do American Express consegui entender o Metro de Londres, mas fiquei compensada com a rede de autocarros. A aplicação Maps.me indica claramente o local das paragens e o número do autocarro, assim como o tempo que cada um demora a chegar.
O teatro inglês nasceu no século XVI e nota-se esta devoção pela cidade: nas tragédias e nos musicais baseados em todos os sucessos de que nos possamos lembrar.
Não explorámos a versão adulta, mas estivemos presentes na juvenil: Matilda, o momento alto das férias para a Beatriz. Apesar de não ser apreciadora de musicais, também fiquei impressionada com o rigor e profissionalismo de atores/cantores/bailarinos tão pequenos (que nunca recorrem ao playback, ao contrário do que acontece com alguns profissionais de renome).
O Museu de História Natural também foi a escolha da Beatriz.
Percebi que é muito fácil e prático reservar os bilhetes com antecedência. As entradas na maior parte dos museus são gratuitas, mas as filas para o levantamento dos bilhetes é interminável. Com reserva online, mediante uma doação simbólica, a entrada é VIP.
Os bairros menos movimentados da cidade ainda mantêm aquela patine imaginária do filme “Notting Hill”.
O Convent Garden desorientou o meu lado consumista, mas como só visitei este mercado no último dia, já não tinha como me perder.
Esta não foi a viagem introspetiva da Noruega;
também não encontrei os punks da minha adolescência: talvez andem a passear os filhos por cidades europeias e tenham rapado a crista, mas foi uma viagem que deu mais mundo à minha filha e…
à mãe da minha filha que fica, por vezes, demasiado fechada numa cidade do interior alentejano.
Para a semana ainda vou rever o meu bairro preferido e a experiência de alojamento.
6 de Maio de 2023 às 17:25
Uma cidade que eu voltaria.
10 de Maio de 2023 às 21:34
Apetece regressar.
Tem muito para descobrir!
8 de Maio de 2023 às 9:06
Os punks estão no Camden Matket 🤘 vi-os lá em 2020 pelo menos, com direito a crista e rock na rua 😉 Gostei muito deste artigo, fiquei ainda com mais saudades de Londres.
10 de Maio de 2023 às 21:34
Faltou-me ir lá 🙂
É uma cidade para revisitar, sem dúvida!
11 de Maio de 2023 às 14:07
❤️❤️❤️
11 de Maio de 2023 às 22:04
Um abraço quebra-ossos, linda Carina!!!