São ilustrações que estão em perfeita sintonia com o frio introspectivo do Inverno.
Ilustrações que reflectem a melancolia de Janeiro e de um Fevereiro que se adivinha eriçado.
Se a melancolia, a solidão e o silêncio são vitais para a manutenção da minha sanidade mental, também é verdade que precisam de se contrabalançar com convívio (muito) selectivo, estímulo mental e paisagens em movimento.
Por enquanto, tem prevalecido a “tristeza hermosa”, acompanhada de Billie Holiday, um livro, abraços apertados e a salamandra.
Cautelosamente, vou mostrando à minha filha de 11 anos notícias do mundo.
Coloco o meu filtro, já que os noticiários são cada vez mais grotescos e cospem horrores em catadupa, sem qualquer reflexão prévia ou posterior. Desconheço as consequências desta prática diária à hora de jantar: desesperança paralisante, insensibilidade empática ou ataraxia social?
Como é que as crianças passam anos naqueles campos?
Não há respostas que consigamos dar aos nossos filhos, especialmente se pensarmos que integrámos 4,8 milhões de refugiados ucranianos em menos de um ano. Ainda bem que o fizémos, mas esse feito louvável evidencia a inércia e o cinismo evidentes em situações semelhantes.
Não consigo explicar-lhe que vivemos num mundo, onde estas tragédias acontecem, sob o olhar gélido dos adultos.
O livro Filas de Sonhos nasceu da promessa de Rita Sineiro, perante a imagem da criança síria, na orla da Turquia.
Conversei muito com a Beatriz enquanto o líamos.
Sobre a guerra que vivemos na Europa e sobre as outras que, embora distantes, nos matam todos os dias.
Falámos de proibições, medos, muros e fronteiras, mas também de generosidade e altruísmo.
Indignámo-nos contra as portas fechadas e os campos de tendas onde tudo falta e onde se espera pelo carimbo azul que permitirá retomar a vida.
Encolhemo-nos perante situações desesperadas e decisões fatais.
Mas nunca consegui contar-lhe acerca do fim do pequeno Alan que deu à costa numa praia da Turquia.
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Igor Lebreaud escrevou e encenou a peça “Aqui, onde acaba a estrada”.
Li e relembrei outros momentos vergonhosos da nossa humana existência:
“Espanha, 2014. Polícia dispara balas de borracha e gás lacrimogéneo contra imigrantes que tentam chegar a nado à praia de El Tarajal, em Ceuta.
Hungria, 2015. Governo conclui a instalação de uma vedação de arame farpado com 41 quilómetros, ao longo da fronteira com a Croácia, para travar o fluxo de imigrantes. Uma vedação semelhante, com 175 quilómetros, havia já sido edificada na fronteira com a Sérvia.
Itália, 2019. Governo proíbe durante três semanas a atracagem do navio Open Arms, que transportava 147 pessoas resgatadas no Mar Mediterrâneo, ao largo da costa da Líbia.
Reino Unido, 2022. Primeiro-ministro anuncia plano para deportar para o Ruanda imigrantes que entrarem ilegalmente no país.
Espanha, 2022. Mais de trezentos imigrantes são agredidos enquanto agonizam ao sol, numa vala encostada à vedação que haviam saltado, entre Marrocos e Melilla. Primeiro-ministro elogia actuação das polícias marroquina e espanhola.
Quando nos lembramos destes acontecimentos, sabendo que são apenas exemplos, percebemos que o conceito de “Europa-fortaleza” está longe de ser uma metáfora. Entendemos melhor quais são os “valores europeus” defendidos por quem governa os países da “Europa civilizada”. Torna-se uma evidência que “a guerra” não começou agora, que “a guerra” não acabou nunca. Apenas parecia mais longe, enquanto as vítimas não eram tidas como “a nossa gente”, enquanto “não atentava contra o nosso modo de vida, o nosso poder de compra e a nossa segurança (incluindo económica).
Talvez um dia alguém peça desculpa pelo que hoje está a ser feito, em nosso nome e por governos que elegemos. Entretanto, o portão está fechado e há gente a morrer.”
Assisti a peça em Évora e recordei a função do teatro: alertar-nos para o poder da indignação individual e colectiva, num tempo de banalização do cruel e abjecto.
No livro de Javier Marías, Berta Isla, a protagonista termina com uma citação de Dickens:
“qualquer criatura humana está destinada a representar um profundo segredo e mistério para todas as outras”. No entanto, “temos muitas pretensões: pretendemos decifrar as pessoas, sobretudo quem dorme e respira junto à nossa almofada”.
Estas são considerações tão inquietantes quanto fascinantes.
É muito mais confortável cristalizarmos um esboço de quem nos rodeia e criarmos uma narrativa (só nossa) que nos permite organizar o círculo social. Ficamos cómodos, arrumados e seguros, mas numa ficção.
É corrente esta tendência falaciosa, a nível pessoal, mas igualmente no âmbito social.
A verdade não tem importância, vendem-nos, diariamente, narrativas e nós já nem sabemos onde começaram as insinuações e suposições que nos encaminharam para uma historieta com “os bons” e “os maus”: quanto mais simples e polarizada for a acção, melhor para as massas.
É um terreno garantido, eficaz, facilmente comercializável e lucrativo, e assim se segue sem se procurar contraditório.
Vemos esse sensacionalismo vazio até nas manchetes dos nossos melhores jornais, sobretudo na sua versão digital e instagramável. O mercado do “clique” assim o obriga.
Numa sociedade polarizada, é fácil acirrar frentes e há quem não perca a oportunidade de ganhar com isso.
Na entrevista ao Expresso, um jornal de referência mas que também ganharia se revisse a sua conta de Instagram, reposta aquando da morte de Javier Marías, o escritor tenta explicar alguns retrocessos civilizacionais que observamos pela Europa.
[…] Como lê a ascensão da extrema direita e dos populismos?
É muito preocupante e perigosa. E tem a ver com o ressentimento latente na maior parte das pessoas. Algumas mais, outras menos, todas estão insatisfeitas ou invejam algo, sentem que o seu trabalho não foi suficientemente reconhecido ou veem que os outros vivem melhor. Isso nem sempre domina a personalidade, mas em certos momentos pode dominar. E quando há políticos que avalizam ou atiçam o ressentimento, ele salta facilmente. Ora, se este se tornar predominante nas relações humanas, o perigo é imenso, em qualquer época e lugar. No outro dia, li um artigo de uma brasileira que contava como, desde a vitória de Jair Bolsonaro, as pessoas se comportam como se tivessem carta branca. O que dá medo não é só este indivíduo que foi eleito, são os 56% dos votos que o elegeram. Os homossexuais e os negros estão a ser abertamente ameaçados. Isto leva a pensar que as pessoas, no momento em que veem legitimadas as suas paixões mais baixas, sentem-se no direito de atacar, insultar e ameaçar. De não esconder essas baixas paixões.
“Baixas paixões” é uma expressão dura.
É muito antiga. E podemos voltar a Shakespeare: basta que um Iago te segrede ao ouvido (ou com um megafone) as razões para alimentares o ressentimento, para que este apareça. É um sentimento muito fácil de criar — e é o que, em grande medida, ocorreu na Guerra Civil Espanhola. Os meus pais viveram-na aos 20 e poucos anos, e ouvi-os contar muitas histórias deste tipo. Além das questões políticas e ideológicas, foi como abrir a caixa dos trovões e dar licença às pessoas para cobrarem as suas vinganças.
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(“Baixas paixões” é uma expressão bíblica retomada por escritores como Shakespeare; de todas elas, para este escritor, o medo era a mais aberrante. Na mitologia, surge a figura de Baco, como agregador de todas as “paixões baixas”. Tal como Javier Marías, preocupa-me muito o discurso de figuras com responsabilidade política que legitimam o assumir, sem pudor, das “paixões baixas”. Noutra acepção, as paixões carnais, com altos e baixos, são as únicas saudáveis.)
“Advento significa chegada. Essa chegada pressupõe uma espera e é uma promessa.
O Calendário do Advento anuncia, dia a dia, o aparecimento de um ser, de algo que se inicia.
Ou seja, uma vida nova, um nascer de novo.”
Gosto de recomeços (não tanto de balanços) e o meu recomeço, por excelência, começa agora e prolonga-se por Janeiro, o mês de Jano, o deus de todos os princípios.
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Aldina Duarte é a primeira entrevistada de Anabela Mota Ribeira e eu guardo para este novo ciclo algumas frases da sua autoria, acerca do maior exemplo de resistência e rebeldia da cultura ocidental, Jesus.
Que ideia revolucionária essa de olhar todos os seres humanos como iguais e dignos de bondade e compaixão!
2000 anos depois, ainda é extraordinária, mesmo dentro da cultura europeia!
“Ser-se de esquerda é parecido com ser-se cristão.
Eu não sou católica, mas sou devota do cristianismo.
Adoro toda a história de Jesus.
E acho que se se partir do Amor, vai-se sempre num caminho bom.”
Sucedem-se as entrevistas diárias, neste Calendário do Advento, com testemunhos e relatos de outros Natais, alguns mais mitificados, outros mais reais. Misturam-se os testemunhos com as minhas memórias dessa noite de entusiasmo, lareira, luzinhas, mas também de doces e rituais.
Gostei do Natal até ser jovem adulta.
Depois, por emancipação ou desencanto, aborreci-me.
Nada é estático e, como em todas as famílias, houve perdas… Felizmente, também fomos presenteados com duas meninas que devolveram toda a ternura ao Natal.
É agora a vez destas crianças viverem o Natal mais que perfeito, talvez mais despertas do que eu para as particuaridades e reformulações familiares.
Para os adultos, talvez seja mais premente reflectir nas palavras de Aldina Duarte.
Feliz Natal!
Bruno Barbey nasceu em Marrocos, mas ficou com dupla nacionalidade: francesa e suiça.
Fotografou durante 50 anos por todos os continentes e acreditou que a fotografia é “a linguagem que pode ser compreendida no mundo inteiro”.
Esteve em Portugal nos anos 60 e 90 e fotografou, em Óbidos, estas mulheres perfumadas.
Apesar de sempre ter revisitado autores clássicos, ultimamente dou por mim a procurar autores e manifestações artísticas comprometidas com o mundo atual.
Estamos a viver uma fase muito conturbada da humanidade e eu preciso de perceber como é que se mantém a Esperança em tempos negros.
É claro que a Arte não tem de falar da inflação, nem dos salários cada vez mais curtos e dos meses cada vez mais longos, não precisa de testemunhar o caso da minha vizinha que não tem como alimentar os filhos, mas nós, que vemos e vivemos tudo isso, não nos podemos transformar em animais raivosos a defender o osso; o mesmo osso com que bateremos na cabeça dos outros e, brevemente, na nossa própria cabeça, quando nos faltarem os alimentos ou a sanidade.
O preço do feijão não cabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema. Não cabem no poema o gás a luz o telefone a sonegação do leite da carne do açúcar do pão
O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos. Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia de aço e carvão nas oficinas escuras – porque o poema, senhores, está fechado: “não há vagas” Só cabe no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço O poema, senhores, não fede nem cheira
O infame Hoffman tinha pretensões a artista, era criativo, tinha sentido estético, mas ignorava a ética. Mais tarde, sem surpresa, tornou-se um assassino.
Com as devidas distâncias, hoje, um artista que viva na torre de marfim, envolto na estética, desilude-me em termos éticos; assume, com o silêncio, uma ruidosa cumplicidade com o Mal.
A minha pré adolescente borbulha autonomia e determinação, excepto à noite, antes de dormir, altura em que se permite procurar a proteção e a cumplicidade da Mãe.
Andamos há semanas acompanhadas pelo Ben e pela Rose, em grandes viagens por Minnesota, New Jersey e, por fim, numa grande aventura em Nova Iorque.
Temos viajado por espaços físicos e mentais de dois adolescentes determinados em encontrar-se a si próprios, quando os adultos mais próximos lhes falharam.
Valem-lhes outras pessoas e outros mundos.
Por esses motivos, este é um livro fantasioso, intenso mas também duro.
Rose
Desejo mais profundo de Rose
Aprendemos que, em 1869, Nova Yorque não tinha qualquer museu, ao contrário do que acontecia nas capitais da Europa ou mesmo em Filadélfia ou Chicago.
O jovem Theodore Roosevelt construiu um pequeno museu no alpendre de sua casa, onde organizava e catalogava as suas colecções; o pai de Theodore fez parte do movimento que fundou o Museu Americano de História Natural.
De facto, a maioria dos museus nasceu de pequenas (ou grandes) colecções pessoais que eram guardadas em móveis chamados Armários de Maravilhas. Pretendia-se que quem os visse se maravilhasse, obviamente.
Ben, no final do século XX, construiu o seu próprio Museu das Maravilhas – ou mala das maravilhas pessoais – e lança a ideia de que qualquer um de nós pode construir o seu Armário de Maravilhas.
Ben defende que cada humano deve tornar-se curador da sua própria vida, zelando pelas suas referências e afectos, quer estas sejam físicas, quer sejam espirituais:
“Como será escolher os objectos e histórias que entrarão no nosso próprio armário?
Como é que apresentaríamos a nossa própria vida?
Talvez […] todos sejamos armários de maravilhas.”
A leitura nocturna já está no nosso armário
Ben e Rose são dois jovens surdos que enfrentam acrescidas dificuldades de comunicação, mas que conseguem estabelecer ligações fortes com os outros.
Nota: A maioria dos museus nasceu de pequenas (ou grandes) colecções pessoais que eram guardadas em móveis chamados Armários de Maravilhas. Em Portugal, a este acumular desordenado de objectos maravilhosos (as “naturalia” e as “mirabilia”), por aristocratas, eruditos ou clérigos, chamava-se Gabinetes de Curiosidades.
A banalidade, a mediocridade e a insensibilidade propagam-se nas redes e nos órgãos de comunicação social.
Procura-se o rídiculo e o caricato das massas e o socialmente expectável das elites.
Talvez seja por isso que os comentadores dos canais televisivos estão ao nível dos programas de Domingo à tarde; tudo é coerente e condicente: são ex e actuais políticos, contabilistas e, na melhor das hipóteses, jornalistas.
Indigna-me o desinteresse que os editores dos canais revelam pelos filósofos, sociólogos, psicólogos, professores, historiadores, escritores, artistas, actores, … Os primeiros poderiam ajudar-nos a compreender e a salvar o mundo ou, pelo menos, a nossa alma; os últimos restituir-nos-iam a esperança, com um relato mais humano e poético do que nos rodeia.
Sempre que ouço um escritor, fico mais desperta e consigo distinguir a beleza das palavras e do pensamento.
Um povo desesperançado é desistente e alheado; a apatia é o nosso maior flagelo. Tudo nos é apresentado como muito maior do que nós, tão grande que nos paralisa e esmaga.
Posto isto, tal como Sophia de Mello Breyner, em qualquer lugar do mundo, se os meus filhos passassem fome eu roubaria para eles.
“Há no mundo os grandes roubos. Eles estão aí. E esses não são tratados como ladrões. E a pessoa que rouba uma lata de atum é um ladrão. Temos de olhar para isto com outros olhos e não deixar que a sociedade atinja uma situação de penúria imensa.”
A par dos balanços-charneira e decisões estruturais, são os dias sem história que constroem a narrativa de qualquer par, recente ou antigo. São esses que têm de valer a pena!
Um poema do dinamarquês Henrik Nordbrandt recordou-me a leveza e a suavidade dos primeiros encontros, quando nos aproximamos pé ante pé, “aos bocadinhos”, e tentamos perceber os formigueiros do coração.
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esplanada
está a chuviscar um bocadinho
mas não tanto que se possa
chamar a isto mesmo chuva
e vamos ficando molhados lentamente
mas não tão molhados que valha
a pena falar disso
e um bocadinho apaixonados
mas não tanto que se possa
chamar a isto mesmo amor
Henrik Nordbrandt
A leveza inicial pode inspirar o quotidiano: Sting e Melody Gardot lançam o mote.
Ou seremos todos mais latinos, como os franceses, que precisam de causar periodicamente tempestades afectivas, mais ou menos controladas, para adicionar drama a uma relação que o tempo torna entediante? O minuto 7 deste vídeo explica como fazê-lo! É uma caricatura, mas reconheci a Ana de há alguns anos!
O que nos impele para a reacção plácida ou para a reacção sanguínea? Será o carácter, o temperamento, a inteligência emocional, o autodomínio, a maturidade ou a pessoa com quem nos relacionamos?
Ou serão apenas fases da nossa vida: vamos sendo arrebatados por ondas mais epidérmicas ou por vagas mais serenas ?
O que confere poder a uma mulher é a beleza, a juventude e a elegância.
O que confere poder a um homem é a conta bancária, o estatuto social e o carisma.
Segundo este padrão, o capital masculino não oscila significativamente com a idade, nem com o peso da balança.
Não é preciso especial perspicácia para repararmos que o capital feminino fica em perigo a partir dos 50 anos.
É óbvio que esta bolsa de valores está inquinada e em transformação, mas é ingénuo pensar que uma indústria que lucra brutalmente com a disseminação destes princípios não nos influencia e não nos atormenta.
Pessoalmente, não auspicio um processo fácil, apesar de estar consciente do fenómeno e empreender uma incansável labuta interna.
É precisamente dos nossos receios e inseguranças que o crescente negócio de harmonização estética se alimenta.
Hoje, são-nos prometidas todas as soluções à la carte:
“moldar, transformar, cortar carne, alisar, aclarar, queimar a pele, comprimir e absorver mecanicamente a gordura, ingerir e injetar fármacos, toxinas, hormonas e outras biotecnologias líquidas, inserir prostéticos e implantes, enfrentar cirurgias extremas ou criar carne e contornos com silicone industrial”. – Chiara Pussetti
Instalação inserida na exposição “Be Fu**ing Perfect”
Aceitar as alterações que os anos trazem ao nosso corpo exige amor-próprio, carinho, robustez mental e muita generosidade.
Resisitir a imagens de perfeição e apelos agressivos para que encaixemos numa beleza irreal criada por técnicas de edição profissional é uma epopeia! Já não são apenas as revistas e os anúncios publicitários, as actrizes ou modelos que nunca ultrapassam os 30 anos de idade que nos fragilizam; vaguear pelo Instagram pode ser um rude golpe para uma autoestima em dia.
Até onde estamos dispostas a ir para travarmos esta luta contra o desvio, contra a gordura, contra o tempo, contra o nosso corpo?
Qual é o caminho socialmente aceitável?
– Rejeitar as preocupações estético-corporais e assumirmos o rótulo de “acabadas e descuidadas”?
– Investirmos em todos os métodos e ficarmos as “fúteis irreconhecíveis”?
Treino, estoicamente, o espírito e o corpo, assim como os afectos que me rejuvenescem mas, assumo, patrocino a indústria cosmética, com cremes, séruns, aclaradores, tintas e mil produtos capilares,… e, apesar do pavor que sinto por agulhas, não me sinto em condições para prometer o que quer que seja em relação ao meu futuro.
Abordando estes e outros temas, esta exposição, sob a curadoria da antropóloga e investigadora Chiara Pussetti, apresenta os resultados do projecto de quatro anos de investigação: “Excel. Em busca da Excelência” .
As fotografias de Evija Lavinia e Jessica Ledwich impressionaram-me e a série de debates que decorrem até 15 de Outubro na galeria Oriq são tão imprescindíveis como desconfortáveis.
Foi uma experiência tão inquietante que fez nascer um projecto, a quatro mãos, de divulgação e intervenção cultural: “Conviction, not Opinion“.
Algumas das conclusões que registo aqui são precisamente o resultado de uma reflexão conjunta com a minha amiga Carmen Santos.
Apesar de nos sentirmos almas em contínua construção, o nosso lema, hoje, é: