Há 45 anos, uma mulher só podia ter passaporte, se o marido autorizasse.
Há 40 anos, 70% das mulheres portuguesas eram donas de casa (e, infelizmente, nem todas por vocação).
Há 40 anos, o salário de uma mulher era, em média, 67% do salário de um homem.
Há 40 anos, só algumas mulheres com curso secundário ou superior podiam votar.
Há 40 anos, uma mulher não tinha acesso à magistratura ou à carreira diplomática (mesmo que evidenciasse especial vocação para tal).
Há 40 anos, a licença de maternidade esgotava-se em 15 dias.
Abril abriu-nos as portas.
A partir daí, muitos tiveram e têm como objectivo de vida fechá-las.
O último ponto desta lista (muito incompleta) arrepia-me.
Quinze dias após o parto, uma mulher não está apta para trabalhar: nem fisicamente, nem psicologicamente.
Cinco meses após o parto, eu não estava apta para trabalhar.
Mas fui.
Em 2011, ninguém me informou (e se perguntei…) acerca do artigo 51º “Licença parental suplementar”, a) Licença parental alargada, por três meses (do decreto de lei nº30 de 12 de Fevereiro de 2009); que possibilita que a mãe ou o pai gozem mais três meses de licença para além dos quatro ou cinco bastante divulgados.
Nessa altura, apenas se falava do 5º mês de licença, com um corte de 20% do ordenado.
A partir do momento em que li a lei, tenho partilhado com todas as grávidas que conheço esta descoberta legalizada mas tão estranhamente desconhecida. Todas, sem excepção, passaram os oito meses em casa com os seus bebés, apesar dos fortes descontos nos ordenados.
Oito meses são melhores do que quatro; quatro meses são melhores do que um (que a minha Mãe teve); um mês é melhor do que os vergonhosos quinze dias de há quarenta anos.
Mas há um longo caminho a percorrer.
Por todos os países conhecidos como civilizados.
A bem do nosso futuro.

Este bebé veio do blog “The Glow” que nos presenteia com belíssimas fotografias de mães que conseguem conciliar a maternidade com extremo sucesso profissional e beleza. São, como se sabe, uma minoria.
Excelentes fotógrafos e uma equipa de profissionais à volta também ajudam ao “glamour” das sessões fotográficas.
É um blog impróprio para os dias de trabalho em que saímos a correr, sentimos que estamos a viver a grande velocidade um erro de “casting” e ainda chegamos a casa com sentimentos de culpa por termos passado o dia longe dos nossos filhos.
Às vezes, por mais estúpido que seja, acontece-me.
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