“Le souvenir est le parfum de l´âme” – (George Sand).


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A lápis

Há pessoas que sabem tudo.

Ouvem um problema, opinam e convencem-se de que encontram a solução.

Como se a vida fosse um caderno de receitas e o comprimido que alivia um aliviasse todos…

Clarice Lispector esclarece esta presunção através da metáfora dos sapatos.

“Antes de julgar a minha vida ou o meu carácter, calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri, viva as minhas tristezas, as minhas dúvidas e as minhas alegrias. Percorra os anos que eu percorri, tropece onde eu tropecei e levante-se assim como eu fiz. E então, só aí poderá julgar. Cada um tem a sua própria história. Não compare a sua vida com a dos outros. Você não sabe como foi o caminho que eles tiveram que trilhar na vida.”

Ouvi-a, dita por Pedro Lamares, no programa da RTP 2,  Literatura Aqui.

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O programa “Literatura Aqui” vai já na quarta temporada e, como o nome indica, elogia a obra literária e o poder revolucionário da literatura.

Talvez a literatura nos alivie, mesmo quando nos mostra que as personagens ficcionadas são mais simples do que as personagens que vivem connosco e dentro de nós;

com os livros, tomamos consciência de que a realidade supera sempre a fantasia;

por outro lado, a leitura aumenta a nossa realidade e a nossa dimensão humana.

Acredito que quanto mais leio, mais humana me torno!

Ainda que fosse apenas essa a missão da literatura: ajudar-nos a  aumentar a nossa dimensão humana e perceber alguma coisa da Vida (o que já é muito), já era louvável a iniciativa “Poesia na Fábrica”:

em S.João da Madeira, a poesia chega, pontualmente, à fábrica Viarco:

as máquinas param e todos os trabalhadores escutam e lêem poesia: partilham, riem; por momentos diluem hierarquias e são livres; descobrem-se, unem-se, criam laços e cumplicidades.

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É um gesto generoso, incentivado pela Câmara, e que devia ser repetido em todas as empresas e instituições do país: levar a poesia do trabalho para casa, da escola para casa, de casa para o mundo, … e vice-versa.

Talvez não chegássemos ao final do mês com mais dinheiro no bolso, mas chegaríamos, sem dúvida, mais lúcidos, mais felizes e mais ricos.

Os episódios “Literatura Aqui” estão todos disponíveis aqui.

Referi que o apresentador é o Pedro Lamares?

(Suspiro…)

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As fotografias da fábrica Viarco são do blog SLANTED.

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A boy can too

-Já viste o filme “Brave“?

– Não, é filme para meninas! – F., 5 anos.

Como?!

De onde vem este preconceito?

Por acaso a protagonista do filme Brave é uma menina, mas é um filme sobre o crescimento, o auto-conhecimento, cheio de adrenalina e aventura, para além de efeitos especiais espectaculares.

Às vezes, penso que estou a preparar a minha filha para um mundo que ainda não existe (a minha esperança reside precisamente no “ainda”).

Os pais dos meninos têm igualmente um grande percurso a percorrer.

Uma luta contra o preconceito que limita as meninas (e futuras mulheres), mas também contra as ideias feitas que existem acerca de  “ser rapaz”!

A genuinidade (e eventual genialidade) dos meninos é oprimida pela sociedade em que vivemos.

Um exemplo trivial:

Quantos pais permitem que os seus filhos frequentem aulas de ballet?

Em Estremoz, conheço apenas um menino que frequenta as aulas, mas quando a Beatriz iniciou as aulas foram vários os meninos que manifestaram vontade de acompanhar a Beatriz.

Alguém os impediu…

No século XXI!

Numa escola da cidade, há um jovem que pinta as unhas de preto.

E provoca risinhos e comentários maldosos dos outros jovens e… de adultos!

É, com certeza, um menino forte e no bom caminho para ser um homem fiel à sua vontade e bem resolvido, sem medo do que vão dizer/pensar dele.

Com roupa de princesa, não vi qualquer menino, nem no Carnaval.

O que desejo é que as crianças se resolvam bem na infância, experimentem e se descubram sem quaisquer limites de género, mas apenas tendo como condicionante a sua vontade genuína, passe ela por usar/fazer/pensar ou não usar/fazer/pensar o que há bem pouco tempo era apenas permitido ao universo feminino ou masculino.

As fotografias pertencem ao projecto A Boy Can Too que me conquistou logo de início: o nome diz tudo, mas visitem o site e vejam as fotografias.

 

 

 

 

 


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A primeira

Momento educativo do dia:

-Fernão de Magalhães foi o primeiro homem que deu a volta ao mundo, de barco. Estás aqui a ver o globo… blabla… provou que a terra era redonda… blabla… rei de Castela… blabla… e…

-Mãe, mas quem foi a primeira mulher a dar a volta ao mundo?

-…?!…

A minha filha é mais feminista do que eu!

Fui pesquisar!

E agora, antes de grandes lições de História, tenho de preparar-me!

Descobri que a primeira mulher a fazer a primeira viagem de circum-navegação foi Jeanne Barret:

uma jovem de 26 anos, apaixonada por Botânica, entre 1766-69, acompanhou, disfarçada de rapaz, o seu amante Philibert Commerson, um famoso botânico, na primeira viagem de circum-navegação francesa.

Para além de ter infringido a lei francesa que proibia as mulheres de viajarem nas expedições,

de ter sobrevivido três anos a negar a sua identidade e sozinha entre tantos homens,

ter sofrido ao ser descoberta,

identificou e desenhou inúmeras espécies de plantas nunca antes vistas.

Claro que este trabalho científico nunca foi devidamente reconhecido, tal como o de muitas mulheres da História.

Fiquei com vontade de ler o livro desta incrivelmente corajosa mulher.

jeanne-baret-livro

Continuei a pesquisa e encontrei Amélia Earhart, nascida a 1897, nos Estados Unidos da América.

Apesar de não ter concluído a viagem, no seu avião, morreu a tentar.

É a preferida da Beatriz!

amelia-earhart

Tenho de ver o filme.

Mais recentemente, Elspeth Beard fez esta mesma viagem de mota.

primeira-mulher-a-circumnavegar-o-globo-de-mota

morning-departure_india-elspeth-beard-overland-magazine

Mulheres-modelo que se superaram, num mundo de homens.


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Amassar

A Ana desafiou-nos para fazer pão.

Assim, num dia cheio de sol de Inverno.

Perfeito para caçar tesouros Lá Fora.

correr num monte alentejano

aproveitar-o-sol-de-inverno

E eu fui, com pouca convicção a pensar que íamos cozer 3 pães.

Vejam o que fizémos; correção – o que as duas Anas fizeram, porque eu fiquei tão abismada que quis registar tudo e pouco amassei.

Pão Alentejano

3 kg de farinha

70g de fermento

50g de sal

1-Amassar os ingredientes. A Ana tem esta máquina!

batedeira industrial doméstica

2-Levedar durante 3 quartos de hora num local aquecido.

massa-de-pao-a-levedar

3- Pesar a massa (a Ana é perfeccionista!), tender e moldar.

pesar-a-massa-de-pao

massa-de-pao-alentejano-moldada

Aproveitou-se ainda a massa para fazer pãezinhos com chouriço.

Entretanto a massa de pão moldada ficou tapada mais 10 minutos.

moldar-pao-com-chourico

4- Tudo pronto, passou-se para o forno.

massa-de-pao-antes-de-ir-ao-forno

pao-na-pa-do-forno

O forno já estava quente e com a cortina de calor: aquelas brasas rubras que impedem que o calor se perca.

cortina-de-calor-do-forno-de-lenha

5-Brincar enquanto o forno faz o seu trabalho.

quartel-de-bombeiros-em-miniatura

6-Retirar e cheirar muito.

pao-alentejano-acabado-de-sair-do-forno

7- Trincar… e eu viajei mesmo no tempo!

comer-pao-com-chourico-e-bom

As Anas ainda fizeram mais maravilhas!

Aguardem!


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Create

 

Do whatever brings you to life, then.

Follow your own fascinations, obsessions, and compulsions.

Trust them.

Create whatever causes a revolution in your heart.”
Elizabeth Gilbert

 

Ao ler estas frases inspiradoras lembrei-me de Nelleke Verhoeff, outra artista a quem cheguei através do Instagram.

Todos os anos tenho uma ilustradora fetiche e palpita-me que já está escolhida a deste ano.

make-it-happen

 

more-than-you-think-postcardmind-over-matter-postcard

Frases e imagens inspiradoras ajudam-me a encontrar a revolução do coração.

Algumas vão circulando pelo meu ambiente de trabalho.

singing-in-my-brain

let-it-grow

fish_eyes

Todas as imagens pertencem a http://www.redcheeksfactory.com/

 

 


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Humanos

Cito de memória um testemunho de um militar do filme Human:

“A partir do momento em que cruzámos o olhar, deixei de vê-lo como inimigo, vi medo e vi um ser humano… e eu ia matar um ser humano. Foi transformador. ”

São tantos os depoimentos!

Intensos, generosos, perturbadores (e perturbados), lúcidos e muito humanos!

Somos nós: o melhor e o pior de nós.

A nossa essência cheia de poesia, amor, beleza mas também raiva, violência e ódio.

O que é que faz de nós Humanos?

human-poster

Será que tentamos todos os dias ser a nossa melhor versão?

Será que andamos a honrar a capacidade excepcional que nos foi dada, a Razão?

São muitos depoimentos que nos falam de Amor, da condição da Mullher, de Pobreza, de Família, de Identidade e Verdade, de Ódio e Violência.

Olhos nos olhos.

Primeira parte;

Segunda parte;

Terceira parte.

Falta-me ver o volume 3: hoje será o dia!

 

“I am one man among seven billion others. For the past 40 years, I have been photographing our planet and its human diversity, and I have the feeling that humanity is not making any progress. We can’t always manage to live together.
Why is that?
I didn’t look for an answer in statistics or analysis, but in man himself.”

Yann Arthus-Bertrand


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Lie down

em casa há algumas zonas de lazer!

Frequentadas sobretudo pelos gatos…

Nos tempos que correm (literalmente), o otium, tão aclamado pelos filósofos romanos, foi completamente substituído pelo negotium:

não podemos parar!

Nem em nossa casa – há sempre a cozinha para arrumar, roupa para arranjar, o jantar, emails para responder e outras tantas atividades reais (e outras que nós inventamos) que nos impedem de estar só connosco, em introspecção ou contemplação.

E eu adorei esta frase:

if-you-feel-tired-lie-down-pencils marc johns

 

Só assim podemos correr com as estrelas.

marc johns correr com as estrelas

E desligar o botão das preocupações.

marc johns boton

Todas as ilustrações são de Marc Johns.

 


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Herbário

O meu pai frequentou um Seminário na cidade, mas passava as férias no campo.

Fez um herbário magnífico que foi mostrado como exemplo a todos os colegas.

Eu e o meu irmão, meninos do campo e da cidade, adorávamos folhear o herbário do meu pai.

PrensaFolhas fechado

PrensaFolhas A venda

PrensaFolhas

 

PrensaFolhas 1

Quando vi esta ideia na Venda pensei que fora feita para mim e para a Beatriz.

Um herbário de plantas e de memórias!

herbário de memórias

O Outono é a estação perfeita para começar a construí-lo!

À venda nesta loja fantástica.