Em Novembro de 2013, escrevi este post:
“Já falei da relação da minha Mãe com Jamie Olivier.
Mas não falei da minha…
O Jamie é comunicativo, despretensioso e bem intencionado.
Ganhou a minha admiração quando vi esta intervenção no TED: o minuto 12 fez-me tomar decisões importantes.
Vi ainda dois ou três programas em que ele tentava, desesperadamente, transformar a perigosa alimentação escolar americana.
Resolvi, então, que o açúcar não fazia parte da dieta alimentar da Beatriz.
Agora, com dois anos e oito meses, a Beatriz continua a consumir iogurtes naturais, bolachas Marinheiras e cereais sem açúcar.
Não gosta de bolo, nem de chocolate, nem de gelado ou de outras sobremesas.
Foi uma decisão pouco pacífica e que continua a gerar alguma polémica na família.
Na nossa cultura, tal como na música de Chico Buarque, o açúcar e o afecto rimam no mesmo refrão.”
A 1 de Abril de 2015, a SIC transmite esta excelente reportagem:
“O açúcar é o pior veneno que podemos dar aos nossos filhos.”- Pediatra Júlia Galhardo.
“As crianças estão a consumir 20 pacotes de açúcar por dia [tendo em conta as rotinas alimentares das crianças que a pediatra acompanha no Hospital D. Estefânia]”.
“O fiambre tem açúcar, tudo o que é processado e vem em pacote tem açúcar”.
“Basta olhar para o rótulo!”
“Ice tea não pode existir numa casa com crianças!”- Pai de um menino com excesso de peso.
“O açúcar causa os mesmos problemas que o álcool […] pode desencadear cirrose e outras doenças metabólicas [como a arteriosclerose, diabetes, hipertensão, cancro] … [independentemente da criança manifestar excesso de peso]”.
“Aos 4 anos, 52% das crianças consomem diariamente refrigerantes” – Carla Lopes, professora e investigadora da Universidade dos Porto.
“37% das crianças entre os 12 e os 36 meses têm excesso de peso ou são obesas;
47% das crianças entre os 7/8 anos têm excesso de peso ou são obesas.
Na última década a incidência de diabetes aumentou 80% em Portugal.”
“O açúcar é aditivo: causa dependência. ”
“O primeiro mês [sem açúcar] é muito difícil.” – Menino que pesava mais de 100 quilos.
A luta para retirar o excesso de açúcar da alimentação da Beatriz é cada vez mais dura.
O que escrevi em Novembro já não é actual:
A Beatriz foi para a escola, houve algumas alterações de hábitos alimentares com a nossa mudança para o Alentejo e o açúcar invade muito mais o nosso dia-a-dia do que há 18 meses.
Felizmente, a Beatriz gosta tanto de cenouras cruas ou mirtilos como de bolachas Maria ou bolo da Avó Silvana, mas continua a ser difícil travar essa luta no supermercado, numa vitrine de pastelaria ou em encontros familiares. E, é verdade, às vezes é mais fácil dizer “sim”.
E o exemplo dos pais?
A minha relação com este veneno branco não é exemplar.
Quando a Ana me apresentou o desafio 21 dias sem açúcar, a minha primeira reacção foi:
-Gostaria muito, mas é-me impossível.
-Vou tentar!
Mais do que subscrever radicalismos, quero estar ainda mais atenta ao que ingiro e quero ver até que ponto a minha relação com o açúcar é aditiva.
Vou partilhando a experiência: os sucessos e as derrotas!
O calendário é daqui.
Copio as “regras” da Mafalda para quem quiser acompanhar-me:
Não podemos ingerir açúcar.
Mesmo o amarelo!
O que podemos usar para adoçar?
Stevia (o das ervanárias em gotas ou pó) – sem dúvida a opção mais saudável. Mas aviso que não é para todos pois tem um sabor “de fundo”.
Xarope de ácer
Mel (daquele cremoso para ter a certeza que estamos a obter todos os nutrientes que vêm com ele)
Açúcar de coco (em moderação)
Geleia de arroz
Xarope de coco
Ter atenção aos rótulos. Ver se tem açúcar ou xarope de glucose.
Vão, infelizmente, reparar que há muitos alimentos que têm esta adição.