“Le souvenir est le parfum de l´âme” – (George Sand).


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Contradição

Abraço

Fazal Elahi [pai] sabia que o infinito não era a maior coisa que existe: o quanto gostava de Salim [filho] era maior do que isso.

Parecia-lhe que, quando o filho lhe abria os braços, dava a dimensão exacta do infinito.

E quando os fechava era um espaço ainda maior: os braços apertados contêm mais infinito do que os braços abertos, que contradição.

Abraços para os dois Pais da  minha vida: o meu e o da Beatriz!

E que todos os pais recebam mais do que o infinito!

A citação é de Afonso Cruz: Para onde vão os guarda-chuva.

O Papá respondeu assim:

Ontem a minha filha, que amo mais do que o que cabe no infinito e no finito, até porque o infinito afinal cabe na ideia que dele temos, porque somos capazes de o imaginar, encheu-me as duas mãos de flores amarelas.

E depois abriu-me os braços e a sorrir falou de saudades.

Passei o resto do dia colado a esse maravilhoso ser com que o insondável desígnio do destino me prendou há três anos.

Na realidade a Beatriz é, ela própria, uma flor amarela, e representa o sentido de puro afecto que está na causa e na consequência da vida.

Porque a vida não serve absolutamente para mais nada que não caiba no afecto.

Tudo o resto é um erro, que nos cabe tentar corrigir.

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Velas

De regresso à leitura solitária, depois de meses de encantamento e partilha de livros com a Beatriz.

Consegui, finalmente, equilibrar os dois momentos.

Livros

Comecei com A Boneca de Kokoschka e tive de seguir com Afonso Cruz: Para onde vão os guarda-chuvas.

Ainda na página 145 e já com várias pontas de páginas dobradas.

-Os telescópios não servem para aumentar as estrelas, mas para diminuir o ser humano. São máquinas de nos fazer pequenos.

-As estrelas somos nós. Quando Alá nos observa, é como quando nós olhamos para o céu: o que Ele vê são luzes. Cada homem é uma vela a brilhar no escuro […] é assim que Ele consegue ler à noite.

Para além do prazer de ler frases destas, em continuum, adormeço tranquila com a ideia de que sou um vela de Alá e que é (também) por minha causa que Ele lê os seus livros à noite.

Boa leitura!

 


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Cristal

Este blog costuma ser luminoso.

Regista a felicidade e a beleza dos dias.

Mas este blog também é intimista, disse-me a minha prima Graça.

Há que registar as fra(n)quezas.

Primeira: às vezes não me sinto preparada para sobreviver a este mundo: sou assim do tamanho da Arrietty.

E só quero viver longe daqueles que destroem a Beleza.

Não percebo quem não quer viver no meio de flores enormes e sentir-lhes o perfume.

Quem ataca gratuitamente, quem dificulta intencionalmente, quem é maledicente, quem incha com um poderzinho… e cultiva essas características.

O meu mundo é outro.

Os meus defeitos são outros.

Afonso Cruz

Sou mais como o Bonifaz Vogel de Afonso Cruz.

Da mesma forma que não compreendo quem não vive para a harmonia e para as artes, tenho perfeita consciência de que não sou compreendida por quem vive para a discórdia e para a desafinação.

A solução?

1-Evitar e ignorar pessoas tóxicas; parar de analisar quem não age com a razão/ coração.

2-Manter a cápsula onde vivo limpa e imune.

3-Acreditar que existem mais Arriety e Bonifaz do que elefantes!

E sei que quem me lê também é um cristal; os elefantes não sabem ler…

N.B. A imagem do livro A Boneca de Kokoschka, de Afonso Cruz, é do blog Alice.


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Coup de foudre

Desde que me conheço que tenho tendência para o deslumbramento.

Com pessoas, músicas, livros, filmes, lugares, perfumes, sabores, …

Geralmente são amores que ficam para a vida e que eu vou revisitando.

Os dois últimos:

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Com este livro tem sido a tal ponto que já sonhei com ele.

Disse mais ou menos estas frases no meu sonho:

Afonso Cruz tem uma imaginação tão prodigiosa que só consigo pensar na selva amazónica: luxuriante, livre e avassaladora. Páro a cada parágrafo para apreciar/reflectir acerca das imagens, ideias, personagens, situações incríveis que cria. Essa imaginação à solta faz-me lembrar alguns livros de Mário de Carvalho.

Mas em Afonso Cruz esse poder parece inesgotável. Cada situação narrada numa página já é suficientemente rica para criar um livro.

Não me lembro bem do que disse a seguir, mas não podia estar mais de acordo com o meu eu adormecido.

A imagem é do blog de Afonso Cruz.

Outro cup de foudre, agora musical: Youn Sun Nah

N.B. Os meus sonhos nem sempre são literários – geralmente saio de casa descalça ou tento, desesperadamente, usar o telemóvel sem me entender com o teclado; ou gritar sem me entender com o aparelho fonador…

Adormecer a Beatriz me com este livro teve ainda este resultado: elevou o nível dos locais por onde me passeio enquanto durmo.

Próxima missão: levar a Youn Sun Nah para as minhas deambulações  nocturnas!


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2014 sem nozes

Há muitos anos, quando era pós-adolescente, li o Auto da Alma de Gil Vicente.

Fiquei impressionada: uma Alma, no seu percurso pela Terra, sem conseguir acompanhar o Anjo que a guia.

Pesam-lhe os vestidos, os sapatos, as jóias e os espelhos.

Diz-lhe o Anjo:

“pompas, honras, herdades e vaidades,

são embates e combates para vós.”

Impedem a Alma de tornar-se “gloriosa”, apesar de lhe ter sido concedido “o livre entendimento, a vontade libertada e a memória”.

Lembro-me muitas vezes desta Alma, sobretudo quando ocupo a mente com futilidades ou quezílias.

Ultimamente, tenho regressado, muito devagar, a um dos meus grandes prazeres: ler.

E reencontrei o tema.

Com Afonso Cruz.

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– A boca do paraíso é a boca de um frasco. […] Sabe porquê? Por causa do macaco. Imagine um frasco de nozes. O macaco não tem dificuldade em meter lá a mão, mas quando pega nas nozes não consegue tirá-la. Terá de largar as nozes para ser livre. E o paraíso é assim, temos de deitar fora as nozes e mostrar as nossas mãos vazias.

-Há que evitar as nozes. […]

-Isso. As nozes é que não nos deixam ser livres. São as nossas gaiolas.

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E eu desejo um 2014 sem nozes!

Com muitos livros.

Livros para adultos, com ilustrações.

E belos trinados de pássaros!

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O livro e as ilustrações são de Afonso Cruz.

As fotografias da loja Wook e do blog Prosimetron.


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Presentes sonhados

Na sequência das prendas possíveis, seguem as prendas sonhadas.

Gostava tanto de oferecer:

1-Bolachinhas-foguetão feitas por mim.

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2-Um bolo de abóbora.

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Estas duas iguarias roubadas ao blog inspirador destes posts de presentes natalícios: A Cup of Jo.

3- Livros de Afonso Cruz e de poesia. Já ofereci no ano passado, mas este ano é mais difícil.

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4- Uma serigrafia de Ana Ventura.

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5- Este gorro para o meu Pai (adora andar de bicicleta e de mota e, obviamente, tem um bigode e muito sentido de humor).

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6- Estes aventais de ilustradores portugueses.

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7- Postais escritos por mim e pela Beatriz.

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8- Esta lancheira. Está aqui .

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9- Os nossos sósias da Matilde Belbroega.

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10- Uma grande viagem. Assim como a da Ana Botezatu.

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