Fazal Elahi [pai] sabia que o infinito não era a maior coisa que existe: o quanto gostava de Salim [filho] era maior do que isso.
Parecia-lhe que, quando o filho lhe abria os braços, dava a dimensão exacta do infinito.
E quando os fechava era um espaço ainda maior: os braços apertados contêm mais infinito do que os braços abertos, que contradição.
Abraços para os dois Pais da minha vida: o meu e o da Beatriz!
E que todos os pais recebam mais do que o infinito!
A citação é de Afonso Cruz: Para onde vão os guarda-chuva.
♥
O Papá respondeu assim:
Ontem a minha filha, que amo mais do que o que cabe no infinito e no finito, até porque o infinito afinal cabe na ideia que dele temos, porque somos capazes de o imaginar, encheu-me as duas mãos de flores amarelas.
E depois abriu-me os braços e a sorrir falou de saudades.
Passei o resto do dia colado a esse maravilhoso ser com que o insondável desígnio do destino me prendou há três anos.
Na realidade a Beatriz é, ela própria, uma flor amarela, e representa o sentido de puro afecto que está na causa e na consequência da vida.
Porque a vida não serve absolutamente para mais nada que não caiba no afecto.
Tudo o resto é um erro, que nos cabe tentar corrigir.