Iniciámos a leitura de uma nova coleção da nossa Biblioteca: “Histórias e Lendas Infantis”.
Os mitos e as grandes narrativas sempre nos fascinaram enquanto espécie e é muito bom observar e partilhar esse encantamento.
O que não está a deixar-me completamente em paz são os pormenores cruéis destas aventuras fundadoras do nosso espírito aventureiro, viajante e lutador.
Eu sei que para existir o Bem tem de aparecer o Mal e é, nesse contexto, que aparecem as peripécias sangrentas, mas…
Enfim, ando a branquear as histórias:
Robinson Crusoe não foi visitado por canibais que queriam comer o Sexta-feira; eram só selvagens mal intencionados que visitavam a ilha;
Rei Artur não trespassou dezenas de homens com a sua espada; só os vencia na luta e eles caiam;
Cíclope não mastigou os amigos de Ulisses nem a Schylla lhes arrancou a cabeça; só os mataram.
Estará correcto este branqueamento das histórias?
Andava nestas reflexões quando estoirou a polémica sobre v.h.m. e ainda fiquei mais desconfortável.
Sabem o que vou fazer?
Vou partir a redoma: está na altura de falar dos pormenores sangrentos, mas explicando-os e contextualizando-os.
Vai dar mais trabalho e vai ser mais duro mas de certeza que vão ser leituras e conversas muito mais enriquecedoras.
(Esta notícia também devia fazer estalar uma polémica, sobretudo a parte em que se refere que 14% das famílias dos alunos participantes no inquérito não têm livros em casa.)