A cana-de-açúcar nasceu na Índia e já surge referida em manuscritos chineses no século VIII a.C.
Na Europa, usávamos o mel como adoçante até que, graças aos árabes, conhecemos o açúcar.
Imagina-se a revolução gastronómica que se deu com esta novidade.
Inicialmente conotado como produto farmacêutico, era usado nas sopas e nos assados, no peixe e nos legumes.
Até que foi considerado de “bom tom” usar o açúcar apenas nos ovos, cerais, frutos, café, chá e… chocolate!
Ficou-nos desta inovação muitas influências culinárias árabes como o maçapão (até na própria palavra de origem árabe!).
E, em Portugal, por onde entrou o açúcar?
No Alentejo, foi pelas cozinhas dos conventos, mesmo quando ainda era muito raro e caríssimo!
Como entrava nestas casas monásticas?
A resposta fica a cargo da nossa imaginação menos ingénua…
e também do facto de muitas monjas pertencerem a famílias abastadas!
Foi o que aconteceu em todos os conventos do País…
ou “Portugal não tivesse sido o país dos frades e das freiras e não fossem essas duas camadas de gente reverendíssimos gulosos e cardinalíssimos glutões.” (Fialho de Almeida)
“O serviço de boca nos conventos tinha muito que se lhe dissesse!
No refeitório havia tantos êxtases como na capela.” (Júlio César Machado)
Retirei muitas destas informações (e estas duas últimas expressivas citações) do artigo de Manuel Gonçalves da Silva, À mesa, Visão História, e lembrei-me imediatamente da premiada doceira conventual, a Ana.
E da nossa participação na Feira Medieval de Estremoz.
Uma participação avant la lettre porque só no final da Idade Média é que o açúcar se foi expandindo, embora continuasse a ser raro e ligado às boticas.
Agora que está entre nós, vejam o cardápio da Ana.