“Le souvenir est le parfum de l´âme” – (George Sand).


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Tréguas

Da escuridão das noites mais longas do ano, do negrume das tensões acumuladas ao longo de 11 meses, surge, para nos iluminar, um período que permite fantasiar, festejar e celebrar o Amor.

Talvez seja isso o Natal, um momento improvável de tréguas, no meio da desolação da natureza e do desalento dos espíritos.

É preciso levar a paz amorosa para além de 6 de janeiro, o dia sombrio em que arrumamos as fitas douradas e encaixotamos o espírito natalino.

O Natal renova-se quando nasce um bebé.

É o nascimento que celebramos na noite de 24: o potencial pleno de uma nova vida transformadora.

Nós temos a nossa bebé connosco, a Matilde, a terceira neta da minha Mãe.

Caetano Veloso, enquando esperava o nascimento do seu segundo filho, escreveu esta música.

Canta-a, décadas mais tarde, com os três filhos, neste vídeo.

Que hino à alegria!

A Vida nem sempre é “gostosa”, mas precisamos deste ânimo para sair das trevas que nos assombram, paralisam e acorrentam.

O Natal é, afinal, o triunfo de toda a imprevisibilidade: o mais inesperado aconteceu – um bebé sem casa continua a entrar, 2023 anos depois, em quase todas as casas do mundo.

Como o inesperado assusta, circulamos dentro do previsível e do seguro.

Faço votos para que sejamos habitados, finalmente, pela surpresa, pela evolução e pelo imponderável.

Feliz Natal!

A casa da Paz é da ilustradora Mariana Gusmão.


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Woman´s Crush

Veronique Tristam, francesa, foi professora de Alemão e Francês até ingressar no mundo da moda e coordenar revistas como Cosmopolitan Glamour, Germany InStyle ou Vogue.

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Concilia peças básicas de forma nada óbvia, talento que muito admiro…

Para além do sentido estético, tem algo raro nos dias que correm e que eu preciso de ver com mais frequência: ostenta a cara da idade que tem.

Sou só eu que estou enjoada de caras insufladas, bochechas empoleiradas e lábios picados? Já chega de caras de macarons!

Como previsto, a minha cara já está a escorregar a caminho do pescoço.

Estimulo-a com colagénio e outros -énios com determinação, mas espero manter a lucidez e nunca me transformar na Donatella Versace. O meu pavor de agulhas e o facto de priorizar as minhas receitas para outras experiências de vida talvez me ajudem, no futuro, a manter a sanidade cutânea e mental.

Entre o deleixo e o preenchimento absurdo, pretendo encontrar o equilíbrio. Já se sabe, no entanto, que equilíbrio e bom-senso são os conceitos mais relativos do cosmos…

Mais do que cirúrgico, este é um trabalho interior árduo que nunca resolverei completamente, mas reunir referências de estilo pouco intervencionadas sem dúvida que irá ajudar.

Ainda fiquei encantada com o formato dos óculos. Agora que cheguei ao ponto de não conseguir ler uma palavra sem as lentes corretoras da flacidez ocular, preciso de encontrar uns óculos que não me deixem com a cara da avó do Capuchinho Vermelho. Na verdade, o meu maior receio é deixar de conseguir ler com a idade. Essa, sim, seria a verdadeira decadência.

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Para além disso, oxalá as rugas e a flacidez sejam a minha única preocupação nas décadas que me esperam!