Da escuridão das noites mais longas do ano, do negrume das tensões acumuladas ao longo de 11 meses, surge, para nos iluminar, um período que permite fantasiar, festejar e celebrar o Amor.
Talvez seja isso o Natal, um momento improvável de tréguas, no meio da desolação da natureza e do desalento dos espíritos.
É preciso levar a paz amorosa para além de 6 de janeiro, o dia sombrio em que arrumamos as fitas douradas e encaixotamos o espírito natalino.
O Natal renova-se quando nasce um bebé.
É o nascimento que celebramos na noite de 24: o potencial pleno de uma nova vida transformadora.
Nós temos a nossa bebé connosco, a Matilde, a terceira neta da minha Mãe.
Caetano Veloso, enquando esperava o nascimento do seu segundo filho, escreveu esta música.
Canta-a, décadas mais tarde, com os três filhos, neste vídeo.
Que hino à alegria!
A Vida nem sempre é “gostosa”, mas precisamos deste ânimo para sair das trevas que nos assombram, paralisam e acorrentam.
O Natal é, afinal, o triunfo de toda a imprevisibilidade: o mais inesperado aconteceu – um bebé sem casa continua a entrar, 2023 anos depois, em quase todas as casas do mundo.
Como o inesperado assusta, circulamos dentro do previsível e do seguro.
Faço votos para que sejamos habitados, finalmente, pela surpresa, pela evolução e pelo imponderável.
Feliz Natal!
A casa da Paz é da ilustradora Mariana Gusmão.