Cultura: do latim “colere”, sinónimo de cultivar a terra.
Cultura: culto religioso.
Cultura: camadas complexas que incluem o conhecimento, os costumes, as crenças e as capacidades adquiridas pelo homem enquanto membro de uma sociedade.
Os poetas gregos e romanos cantavam a vida pastoril, mas não sei se Virgílio terá tido uma horta…
Epicuro falava da felicidade de ser autónomo (e livre) na sua pequena comunidade intelectual, afectiva, e também agrícola.
Aristóteles passeava, com os companheiros e discípulos, pelos jardins, ao longo de diálogos reveladores.
As três acepções de cultura sempre se misturaram e complementaram.
Na história da humanidade.
E no nosso quintal novo, em Estremoz.
Nos espinafres.
Na rúcula-bebé.
Nos coentros da Beatriz.
E na erva-cidreira.
Cultivamos a terra, prestamos-lhe o nosso culto e (re)adquirimos conhecimentos partilhados por gerações passadas.
Falamos com as plantas, fascinamo-nos com a germinação das sementes e reflectimos sobre o milagre da (nossa) vida enquanto cuidamos do que nos vai alimentar e fazer parte de nós.
Respeitar o ciclo das plantas (-nos) é o primeiro passo para ser “culto” (com e sem aspas).