Há dias em que é difícil focar.
Há dias em que as urgências se sucedem e nos ofuscam.
À noite, salvam-me o Amor e a Poesia.
O resto são “vis enganos”.
Ver claro
Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.
Eugénio de Andrade, Os Sulcos da Sede
A imagem é da Vortice Dance Company.
Já foram a companhia residente do Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz.
Cegueiras várias colocaram fim à parceria.
Cegueiras cheias de razão, como são todas as cegueiras.
Ficámos todos a perder.
6 de Janeiro de 2014 às 21:41
Linda foto, mas não posso deixar de amar o poema do grande Eugénio de Andrade. 😉
7 de Janeiro de 2014 às 13:43
Verdade 😉
6 de Janeiro de 2014 às 21:59
É minha cara, acho que o mundo vive uma “cegueira” insistente. Por aqui deram para culpar a todos, menos a si mesmos pelos erros. Enfim… Perdemos todos, mas são poucos os que percebem de fato a perda, estão todos tão ocupados com seus dedos em riste…
bacio
7 de Janeiro de 2014 às 13:46
Lunna, muito bem observado: é mais cómodo culpar os outros do que fazer a mudança interior…
À medida que crescemos somos cada vez mais competentes na fina arte das desculpas!
Beijo,
Ana
7 de Janeiro de 2014 às 1:53
Ana, linda a sua postagem e ao ler o comentário da amiga Lunna, eu escreveria o mesmo que ela. Então faço minhas as palavras dela e acrescento que esse dedo em riste incomoda muito.
Um beijo,
Manoel
7 de Janeiro de 2014 às 13:46
É verdade, Manoel!
Beijo,
Ana
12 de Janeiro de 2014 às 23:10
Há dias e momentos assim. 😦 Amei o poema. Espero que o “nevoeiro” já tenha levantado. Beijinho
12 de Janeiro de 2014 às 23:53
Chove lá fora, mas aqui por casa já há sol 🙂
Obrigada!
Beijinhos